ONU pede ajuda ao Sudão para levar al-Bashir à justiça. Milhares protestam nas ruas
Milhares de pessoas manifestaram-se este junto Ministério da Defesa após o anúncio de que haverá um período de transição até 2021.
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O organismo das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu esta sexta-feira às autoridades do Sudão que cooperem com o Tribunal Penal Internacional para que o ex-presidente sudanês Omar al-Bashir responda por crimes contra a humanidade.
"Já em 2005 uma resolução do Conselho de Segurança [da ONU] pediu ao Governo do Sudão que prestasse a ajuda necessária ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e vamos continuar a pedir", afirmou a porta-voz do organismo da ONU, Ravina Shamdasani, em conferência de imprensa hoje realizada.
A porta-voz adiantou que a ONU está preocupada com o facto de o exército do Sudão ter declarado a suspensão da Constituição do país durante um "período de transição" de dois anos, na sequência da destituição de al-Bashir, que estava há quase 30 anos no poder.
O dia está a ser marcado por protestos nas imediações do Ministério da Defesa sudanês. Os manifestantes estão descontentes com o anúncio de que nos proximos dois anos, o Sudão vai viver um periodo de transição e só em 2021.
Omar al-Bashir foi destituído e detido pelas Forças Armadas na quinta-feira, situação que foi anunciada pelo ministro da Defesa sudanês, Awad Ahmed Benawf, através da televisão pública do país.
"Essa Constituição contém importantes proteções aos direitos humanos, pelo que (a alta comissária dos Direitos Humanos] Michele Bachelet pediu às autoridades que ajam como um Estado de Direito e cumpram as obrigações internacionais do Sudão", sublinhou.
Ravina Shamdasani acrescentou que "não há indícios de que o povo vá participar neste período de transição", o que leva as Nações Unidas a pedir às autoridades um esforço para "uma verdadeira participação da sociedade civil e das vozes dissidentes".
Além da suspensão da Constituição, os militares que levaram a cabo o golpe de Estado declararam o estado de emergência no Sudão durante os próximos três meses e fecharam as fronteiras e o espaço aéreo.