Milhares de pessoas aguardam autorização para entrar em território da União Europeia. Polónia e Bielorrússia têm trocado acusações nos últimos dias.
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A ONU apelou esta terça-feira ao fim da instrumentalização de migrantes e refugiados "nas disputas entre países", na fronteira entre Bielorrússia e Polónia, e disse que as agências humanitárias estão "prontas e disponíveis" para darem apoio no terreno.
O porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Farhan Haq, sublinhou hoje que "é claro" que os migrantes detidos na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia "estão a ser instrumentalizados".
"É muito claro, olhando para o que está a acontecer ao grupo de pessoas, que as suas preocupações, a dignidade e direitos não estão a ser tratados com o respeito que deveriam. Do nosso ponto de vista, é claro que estão a ser instrumentalizados e queremos ter a certeza que isso deixe de acontecer", disse Farhan Haq, numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.
"Não queremos que estas pessoas (...) sejam usadas como instrumentos nas disputas que envolvem os países", acrescentou ainda o porta-voz de António Guterres, sublinhando que as agências da ONU, nomeadamente a agência para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) estão a tentar ter acesso direto aos migrantes.
Sem poder avançar com números de funcionários da ONU no terreno, o porta-voz considerou ainda que os trabalhadores de assistência humanitária estão "prontos e disponíveis" para chegarem às áreas mais problemáticas, mas estão numa fase de lidar com as autoridades competentes para obterem acesso.
Declarando que "não deveria haver uso da força ao lidar com a população", Farhan Haq sublinhou ainda a necessidade de respeito pela política de "as pessoas não poderem ser levadas aos países de origem sem o seu consentimento".
A ONU quer assegurar que "as vozes dos migrantes são ouvidas e que têm a palavra quanto ao que lhes acontecerá a seguir".
Na semana passada, os membros europeus do Conselho de Segurança da ONU condenaram numa declaração conjunta uma "instrumentalização orquestrada de seres humanos" pela Bielorrússia na fronteira com a Polónia, para "desestabilizar a fronteira externa da União Europeia".
A declaração adotada no final de uma reunião de emergência à porta fechada em 11 de novembro considera que o objetivo da Bielorrússia era também "desestabilizar os países vizinhos" e "desviar a atenção das suas próprias crescentes violações dos direitos humanos".