O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu entender-se sobre um texto que teria declarado ilegítimo o resultado das presidenciais no Zimbabué e os Estados Unidos anunciaram que estão a preparar outro texto para apresentar à ONU. Entretanto, no Zimbabué, a situação está «calma», disse à TSF o embaixador João Câmara.
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O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu sexta-feira entender-se sobre um texto que teria declarado ilegítimo o resultado da segunda volta das presidenciais no Zimbabué e os Estados Unidos abordaram um recurso a sanções contra Harare.
No final de uma nova maratona de discussões, o presidente do Conselho, o embaixador norte-americano Zalmay Khalilzad, disse aos jornalistas que os 15 membros consideraram que «não estavam reunidas as condições para uma eleição livre e duradoura» na segunda volta da eleição presidencial no Zimbabué, que decorreu sexta-feira.
Segundo diplomatas, os 15 Estados-membros não conseguiram aprovar um projecto de declaração muito mais duro, redigido pela Grã-Bretanha e que visava afirmar que «os resultados da eleição de 27 de Junho não podem ter nem credibilidade nem legitimidade».
Depois do Conselho de Segurança das Nações Unidas ter falhado o consenso, a secretária de Estado norte-americana informou que os Estados Unidos estão a preparar um novo texto de resolução para ser apresentado à ONU na próxima semana.
Condoleezza Rice garantiu que será uma mensagem forte de dissuasão para o regime do Presidente Robert Mugabe e que deve reunir o máximo consenso da comunidade internacional.
Entretanto, a imprensa oficial do regime liderado por Robert Mugabe deste sábado destaca uma afluência massiva às urnas, sem no entanto avançar com números.
Já o correspondente da agência France Presse no local escreve que, ao contrário da primeira volta a 29 de Março, esta sexta-feira não encontrou qualquer fila para as secções de voto.
Em declarações à TSF este sábado, o embaixador português no Zimbabué, João Câmara considerou a declaração do Conselho de Segurança da ONU «muito importante», porque «condena muito expressamente a violência» no país e «aponta os dedos aos seus actores».
«É a primeira vez que o Zimbabué é apertado pelo Conselho de Segurança da ONU», sublinhou, frisando que os 15 Estados-membros puseram, pela primeira vez, em causa a legitimidade do presidente que sair das eleições.
João Câmara contou ainda que o ambiente no país está «calmíssimo», parecendo «outro sábado», adiantando que «qualquer possível reacção das pessoas será depois do anúncio dos resultados».
Também esta sexta-feira, a oposição no Zimbabué acusou o governo sul-africano de provocar o impasse na ONU.