"Oportunidade para Europa", "mais combustíveis fósseis" e "espaço para direita radical": o que se espera do regresso de Trump
Donald Trump vai ser empossado, esta segunda-feira, e o tema subiu a debate no Fórum TSF. Da economia ao ambiente, passando pela política, Luís Miguel Ribeiro, da AEP, Francisco Ferreira, da Zero, e o politólogo António Costa Pinto, traçam os desafios que se colocam com o regresso do republicano à Casa Branca
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No dia em que Donald Trump regressa à Casa Branca, vários especialistas expressam preocupação sobre as mudanças esperadas com o início de funções da nova Administração norte-americana. As alterações na política de imigração e nas taxas alfandegárias são algumas das medidas mais aguardadas. No Fórum TSF, Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), defendeu que esta política de Trump pode acabar por ser um estímulo para a Europa.
"Pode ser uma oportunidade para a Europa acelerar e pensar mais rapidamente naquilo que deve fazer e nas medidas que devem implementar. Por outro lado, também pode ser uma oportunidade para a Europa captar algum investimento e sermos capazes de poder ser mais competitivos", considera Luís Miguel Ribeiro.
O presidente da AEP assegura que uma eventual "deportação de imigrantes" significará "uma diminuição do número de pessoas a trabalhar", o que, consequentemente, "vai aumentar o custo do trabalho", provocando também "um aumento da inflação". "Pode, naturalmente, criar oportunidades noutro sentido e noutra perspetiva", acrescenta.
No que ao ambiente diz respeito, o Presidente eleito já ameaçou retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Também ouvido no Fórum TSF, Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, espera agora o pior.
"No primeiro mandato, os Estados Unidos até reduziram as suas emissões, mas não tanto quanto seria desejável. E agora assistimos ao mesmo tipo de discurso, de tentar reverter algumas políticas que Biden tentou blindar, nomeadamente no que respeita à exploração de petróleo e de gás, à política global na área do clima e não sabemos ainda que decisão será tomada em relação ao Acordo de Paris. Essa parte tem estado fora da daquilo que Trump tem mencionado nos últimos tempos. A ideia é aumentar e facilitar muito o uso dos combustíveis fósseis", considera o ambientalista.
Já o politólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, António Costa Pinto, também em declarações no Fórum TSF, afirma que a Era Trump coloca também desafios políticos.
"A chegada de Trump ao poder dá um espaço político para a direita radical. Quando eu falo de direita radical, falo da direita radical global", sublinha Costa Pinto, dando o exemplo de Milei, Bolsonaro, Orbán e Meloni.
Donald Trump toma esta segunda-feira posse como o 47.º Presidente norte-americano, numa cerimónia em Washington marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com escassos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia (UE).
O momento marcará o regresso à Casa Branca do político republicano, que venceu a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais norte-americanas de 05 de novembro, depois de um primeiro mandato (2017-2021) e de ter falhado a reeleição, face à vitória de Joe Biden.
