Oposição confiante que processo eleitoral na Turquia não será travado por distúrbios
O principal partido da oposição na Turquia descarta a possibilidade de uma manipulação da contagem dos votos.
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O principal partido da oposição na Turquia assegurou esta sexta-feira que não permitirá que a contagem dos votos seja perturbada, perante os receios de eventuais tumultos na noite eleitoral do próximo domingo.
"Infelizmente, os líderes deste país não acreditam na democracia e podem fazer de tudo para não deixar a Presidência", disse o líder da estrutura local de Istambul do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), Canan Kaftancioglu.
"Aconteça o que acontecer, tudo faremos para que as regras do processo eleitoral sejam cumpridas, sem afastarmo-nos da democracia", garantiu Kaftancioglu, mostrando-se confiante de que os resultados das urnas refletirão a vontade dos eleitores.
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O representante partidário descarta a possibilidade de uma manipulação da contagem dos votos, que tentasse evitar a derrota do atual Presidente, Recep Tayyip Erdogan, que enfrenta, após 20 anos no poder, um potencial cenário de fracasso eleitoral, face à candidatura de Kemal Kiliçdaroglu, líder do CHP e o candidato presidencial de uma frente unida da oposição turca.
Os apoiantes de Kiliçdaroglu garantem que não deixarão nenhuma urna sem vigilância, com uma apertada rede de delegados de mesa de votação.
Oguz Kaan Salihi, vice-presidente do mesmo partido, também insiste na capacidade da oposição em garantir uma contagem de votos irrepreensível.
"São 192.000 urnas em 50.000 assembleias de voto em todo o país; vamos mobilizar 200.000 delegados de mesa e outros 100.000 suplentes, além dos advogados que estarão disponíveis voluntariamente esta noite; no total poderão ser meio milhão de pessoas mobilizadas", explicou Kaan Salihi.
Os representantes do CHP nas mesas de voto vão fotografar cada ato eleitoral com o telemóvel e vão enviar os resultados para um responsável provincial que os reencaminhará para a sede central, para que o partido faça a contagem exata de todos os votos no país.
Kaftancioglu também afasta o receio de certos setores da sociedade de que o Governo possa incitar confrontos violentos nas ruas para decretar o estado de emergência antes de terminar a contagem de votos, perante um cenário de derrota.
"Confiamos no sangue-frio do povo turco. O Governo pode tentar provocar confrontos, mas, salvo alguns paramilitares que possa enviar para a rua, as pessoas não se envolverão em distúrbios", explicou este político da oposição, mostrando-se confiante na capacidade para derrotar Erdogan.
As eleições presidenciais e legislativas na Turquia realizam-se no domingo, 14 de maio, e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayyip Erdogan e do seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder há duas décadas.
A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu.
Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votaram antecipadamente.
Uma sondagem divulgada na quinta-feira pelo reconhecido Instituto Konda atribui a Kiliçdaroglu 49,3% das intenções de voto na primeira volta, contra 43,7% de Erdogan.