O anúncio de Yair Lapid surge poucas horas depois de o Parlamento israelita ter aprovado com 64 votos a favor e nenhum contra - após o abandono da sala pelos deputados da oposição - a controversa reforma judicial.
Corpo do artigo
O líder da oposição israelita, Yair Lapid, anunciou esta segunda-feira que vai recorrer ao Supremo Tribunal para tentar reverter a reforma judicial defendida pelo Governo de Benjamin Netanyahu, aprovada esta segunda-feira no Parlamento.
"Recorreremos ao Supremo Tribunal contra esta legislação, que significa o cancelamento unilateral do caráter democrático do Estado de Israel, pela forma antidemocrática e predatória com que as discussões foram conduzidas no comité constitucional do parlamento", disse Lapid, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
כבר מחר בבוקר אנחנו נעתור לבג"ץ נגד החקיקה הנפסדת הזו, נגד הביטול החד צדדי של האופי הדמוקרטי של מדינת ישראל, ונגד הדרך האנטי-דמוקרטית והדורסנית שבה נוהלו הדיונים בוועדת החוקה.
- יאיר לפיד - Yair Lapid (@yairlapid) July 24, 2023
"Eles não venceram, porque a batalha não terminou, está apenas a começar", acrescentou o líder da oposição, desta vez num discurso transmitido pela televisão, no qual disse que a lei aprovada esta segunda-feira "viola as regras do jogo".
O anúncio de Yair Lapid surge poucas horas depois de o Parlamento israelita ter aprovado com 64 votos a favor e nenhum contra - após o abandono da sala pelos deputados da oposição - a controversa reforma judicial.
A reforma determina mudanças radicais que aumentam os poderes do Governo na área judicial, limitando a capacidade de o Supremo Tribunal contestar decisões do executivo (caso as avalie como contrárias ao sistema democrático) e alterando a forma como os juízes são selecionados.
"Esta é a crise mais grave que já enfrentamos e não foi causada pelos nossos inimigos, mas por um Governo extremista e radical", denunciou Lapid, que também acusou Netanyahu de se ter tornado "uma marioneta de um grupo de extremistas e de messiânicos".
O Movimento para o Governo de Qualidade em Israel, um influente movimento israelita, também já anunciou que vai recorrer ao Supremo Tribunal para contestar a nova legislação, avisando que se trata de "uma lei inconstitucional porque muda fundamentalmente a estrutura básica da democracia parlamentar e a natureza do regime".
Netanyahu e os seus parceiros de Governo alegam que as mudanças são necessárias e, desde o início, deram sinais de que não iriam alterar a sua postura, apesar dos fortes protestos registados em várias cidades do país durante os últimos meses.
Os manifestantes que contestam a controversa reforma - que representam vários setores da sociedade israelita - olham para a nova legislação como uma tomada de poder alimentada por ambições pessoais de Netanyahu, que está a ser julgado por acusações de corrupção.
Após a votação desta segunda-feira no Parlamento, a principal central sindical de Israel, a Histadrut, anunciou que o seu líder, Arnon Bar-David, convocou uma reunião com a direção da organização para convocar uma greve geral para os próximos dias, em protesto contra a medida.
O Executivo liderado por Netanyahu é o Governo mais à direita da história de Israel.