Dirigentes da oposição venezuelana instaram, esta quarta-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a melhorar as relações diplomáticas com a Administração de Barack Obama, após o anúncio da normalização das ligações entre os Estados Unidos e Cuba.
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Os principais dirigentes da plataforma Mesa da Unidade Democrática, que agrupa a maioria dos partidos da oposição ao Governo de Maduro, questionaram as tensas relações que o Executivo venezuelano mantém com Washington.
«É um interessante sinal dos tempos e uma lição para Maduro», escreveu o coordenador de relações Internacionais da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, numa mensagem através da rede social Twitter, apontando que o discurso internacional do chefe de Estado venezuelano continua infetado de «infantilismo».
O ex-candidato presidencial Henrique Capriles, governador do estado de Miranda (centro), afirmou, por seu lado, que as críticas de Maduro contra a Administração de Obama são uma estratégia do Presidente para desviar a atenção da crise que a Venezuela vive.
«Enquanto Cuba procura melhorar as suas relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, o Governo de Nicolás procura piorá-las (...) para desviar a atenção face à crise económica e social que vivemos», disse Capriles, à margem de uma cerimónia oficial realizada na cidade de Los Teques.
«O pouco petróleo que vendemos é comprado pelos Estados Unidos e se são anti-imperialistas porque é que não deixam de vender petróleo ao império?», questionou o antigo candidato presidencial.
Por seu lado, a ex-deputada da oposição María Corina Machado afirmou esperar que o processo entre Cuba e os Estados Unidos «inclua liberdade, democracia e respeito pelos direitos humanos para todo o povo cubano», afirmando, também através do Twitter, que a aproximação anunciada na quarta-feira por Castro e Obama é um sinal do início de uma «transição» na Venezuela.
«Os [irmãos Fidel e Raúl] Castro em Havana compreenderam já o que temos vindo a dizer: a transição na Venezuela já começou», escreveu a ex-deputada María Corina Machado, uma das maiores detratoras da relação entre o seu país e Cuba.
«Há dois dias, Maduro mandava queimar os vistos dos Estados Unidos (...) enquanto Raúl Castro já tramitava o seu», afirmou.
Cuba e os Estados Unidos anunciaram, esta quarta-feira, o início de um diálogo bilateral com vista ao restabelecimento das relações diplomáticas depois de mais de 50 anos de afastamento.