José Daniel Ferrer refere que é "um momento muito duro, difícil e triste", porque outros cubanos "estão a sofrer em condições terríveis nas piores prisões das Américas"
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O opositor cubano José Daniel Ferrer disse segunda-feira, nos Estados Unidos (EUA), que vai "continuar a luta" contra o regime comunista e que tem intenções de regressar a Cuba, noticiou a Agence France-Press.
"Continuarei a luta, mas não o farei sozinho, devo trabalhar com todos os exilados cubanos", disse Ferrer numa conferência de imprensa, pouco depois de chegar na segunda-feira a Miami, nos EUA.
O opositor cubano destacou que quer regressar a Cuba, no discurso que fez no bairro de Little Havana, em Miami, sob a proteção da Fundação Nacional Cubano-Americana, uma organização que pretende ajudar a comunidade cubana.
"E a minha intenção é que possamos regressar a Cuba o mais rapidamente possível", declarou Ferrer, referindo-se também a outros cubanos exilados do país da América Central.
O dissidente cubano tinha chegado momentos antes ao aeroporto de Miami, acompanhado por familiares.
Durante o discurso, Ferrer disse que estava feliz por estar com família e os amigos, mas sublinhou que é "um momento muito duro, difícil e triste", porque outros cubanos "estão a sofrer em condições terríveis nas piores prisões das Américas".
Ferrer, que cumpria pena de prisão no leste de Cuba, deixou a ilha e foi para os EUA, acompanhado pela família, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros norte-americano, Marco Rubio, disse que está "feliz por Ferrer estar agora livre da opressão do regime" e insistiu que Cuba libertasse "700 presos políticos detidos injustamente", segundo um comunicado.
O dissidente deixou o país após um pedido formal do governo de Cuba, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano, sendo que a nota não revelou o dia em que o opositor deixou a ilha.
No início do mês de outubro, fontes próximas de Ferrer confirmaram à agência de notícias espanhola EFE que o opositor estava disposto a partir para o exílio, mas sem que o Executivo cubano utilizasse a saída numa negociação mais ampla com os EUA, considerada "vergonhosa".
Desconhece-se se houve contrapartidas.
A 4 de outubro, Ferrer denunciou ter sido vítima de "espancamentos, torturas, humilhações e ameaças" na prisão.
O líder opositor, um dos 75 presos políticos da "Primavera Negra" de 2003, passou mais de metade dos últimos 20 anos na prisão em Cuba e é considerado "prisioneiro de consciência" pela organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI).