Milhares de jovens vão encher as ruas de Madrid esta tarde para exigir aos líderes mundiais presentes na Cimeira do Clima, medidas urgentes contra as alterações climáticas.
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Não há um planeta B e estamos a ficar sem tempo de o salvar. Esta tem sido a mensagem dominante na Cimeira sobre as Alterações Climáticas em Madrid e a que milhares de jovens vão repetir esta sexta-feira, na manifestação convocada para a capital espanhola. Organizada por varias plataformas ecologistas, entre elas a Fridays for Future (FFF), de Greta Thunberg, a manifestação pretende mostrar ao mundo que a luta contra as alterações climáticas, é justa, vital e urgente.
"Os países desenvolvidos estão a viver à custa dos países mais pobres, onde a emergência climática é mais severa e provoca consequências mais graves, como os desastres naturais", explica Paula Mancebo, da FFF. "Precisamos de justiça climática, temos de pensar em todas as pessoas que sofrem as consequências e estamos a ficar sem tempo. Quanto mais tempo passar, piores serão as consequências. Os Governos têm as nossas vidas nas mãos. Isto não é uma brincadeira de crianças", avisa.
Paula pertence a uma geração que nasceu e cresceu na era do consumismo mas cedo percebeu que, se não mudasse de hábitos, o planeta não ia resistir. "Vivemos num planeta com recursos limitados e que não tem capacidade de regeneração suficiente tendo em conta a velocidade a que consumimos esses recursos. Percebi que tinha de mudar", explica.
Paula começou então a alterar os seus hábitos: "Passei a comprar roupa em segunda mão, deixei de comprar produtos embalados em plástico, a utilizar sempre o transporte público... coisas básicas". Aos 20 anos, quando soube da existência da FFF, resolveu entrar para a organização e "participar, de maneira mais ativa, na luta contra o aquecimento global".
Inspirados pelas ações de Greta Thunberg, o movimento FFF estendeu-se por toda a Espanha. Nieves, de 19 anos, é uma das fundadoras do núcleo de Cádiz e esta sexta-feira estará em Madrid para pedir aos líderes mundiais responsabilidade política e medidas eficazes. "Nós podemos mudar os hábitos e ter um estilo de vida mais sustentável, mas são eles, com as leis, quem tem a última palavra, quem pode mudar a história de maneira decisiva", conta.
Vivem o momento com a urgência de quem sabe que o tempo se esgota e a impotência de quem, por agora, pouco mais pode fazer a não ser pressionar quem está no poder. "Se não fizermos nada, dentro de 10 ou 15 anos isto pode ser irreversível. E na nossa organização temos gente com 15 anos que, em 10, na melhor das hipóteses, terá acabado de estudar e poderá estar a trabalhar para reverter a situação. Mas aí já será tarde demais. Por isso nos preocupamos tanto. Porque se as pessoas com responsabilidades não fizerem nada agora nós não iremos a tempo de o fazer. Dez anos podem significar a nossa vida", explica Nieves.
Na manifestação desta tarde vai estar Greta Thunberg, a jovem que serviu de inspiração a todo o movimento ecologista. "Ela mostrou-nos como uma jovem de 16 anos foi capaz de se enfrentar a muitas partes do sistema, e se atreveu a dizer a muitos adultos, e sobretudo a homens adultos, que são normalmente os que estão no poder, que não estão a fazer nada para nos salvar a vida a todos e todas", considera Paula. "Isso serviu de inspiração a muitos jovens que pensaram: "se ela o pode fazer, eu também". E por isso estamos aqui todos", completa Nieves.
Esta tarde, milhares de vozes vão juntar-se à de Greta Thunberg e desfilar por Madrid para exigir aos líderes mundiais medidas efetivas para preservar o planeta.