A OSCE considera que as presidenciais russas foram marcadas por importantes irregularidades. A Comissão Eleitoral Central não reconhece a existência destas fraudes.
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Os observadores eleitorais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa entendem terem existido importantes irregularidades nas presidenciais russas ganhas por Vladimir Putin com uma votação ligeiramente acima dos 63,6 por cento dos votos.
«O processo deteriorou-se durante a contagem dos votos e foi avaliado negativamente em perto de um terço das assembleias de voto por causa de irregularidades processuais», explicou a OSCE.
Estes observadores admitiram que os candidatos «puderem fazer uma campanha sem entraves», contudo, as «condições foram claramente manipuladas a favor de um candidato, o primeiro-ministro Vladimir Putin».
Em conferência de imprensa, os observadores adiantaram que o «principal problema foi a falta de debate e competição», tendo detectados «abusos de poder e uso indevido dos meios do Estado a favor de um candidato».
«Os meios de comunicação social também foram claramente usados a favor de um dos candidatos não tendo sido assegurado o acesso dos restantes e não foi feita uma cobertura igual da campanha», explicou Tonino Picula.
Para este observador, as eleições foram «injustas, apesar de termos registado algumas inovações e progressos no processo eleitoral».
Antes, o presidente da Comissão Eleitoral Central russa tinha indicado que a «maioria das notícias sobre as infracções não têm fundamento, porque se trata, na realidade, de alegadas infracções».
Vladimir Tchurov recusou ainda comentar diferentes boatos relativos a alegadas falsificações e frisou que «em 96 mil mesas de voto, a quantidade de infracções é pequena, cerca de 300».
Na Tchechénia, a Putin recolheu 99,76 por cento, com votações mais ou menos idênticas a verificarem-se noutras repúblicas do Cáucaso russo, como a Inguchétia a e o Daguestão, onde o futuro presidente russo obteve cerca de 92 por cento dos sufrágios.
A situação foi diferente nas grandes cidades, uma vez que Vladimir Putin conquistou em Moscovo apenas 47 por cento dos votos contra 68,6 nas presidenciais de 2004. Na capital russa, o milionário Mikhail Prokhorov foi o segundo mais votado, com cerca de 20 por cento dos sufrágios.
Em São Petersburgo, na sua terra natal, Putin não foi além dos 58,7 por cento dos votos, contra 62 e 75 por cento dos sufrágios obtidos nas outras duas presidenciais que ganhou.