Pai Uzeda vai trocar as guias do candomblé, as folhas de louro, os búzios e os charutos por bíblias. Emprego na prefeitura do Rio, liderada por sobrinho de Edir Macedo, explica a mudança.
Corpo do artigo
No final do ano passado, Michel Temer foi benzido numa cerimónia pública pelo Pai Uzeda.
Roberval Batista Uzêda, pai de santo, sempre munido de guias do candomblé, a religião de origem africana muito disseminada no Brasil, e de folhas de louro, búzios e charutos, apetrechos tradicionais da fé em causa, ganhou notoriedade após aquele evento.
O seu terreiro de candomblé, que já pertencia à mãe dele, conhecida como Mãe Luiza, passou a ser mais visitado e a imprensa interessou-se pela sua vida.
Talvez por culpa da popularidade excessiva, outros pais de santo brasileiros passaram a criticá-lo. Terá contribuído ainda o facto de o benzido naquela ocasião no final do ano passado ser um político detestado por nove em cada dez brasileiros - na realidade, a média dá quase dez em cada dez.
No auge da fama, Pai Uzeda tornou-se íntimo de outro político relevante, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella. Sucede que Crivella é bispo da IURD - e sobrinho do fundador da igreja Edir Macedo - e muito persuasivo. Tanto que Pai Uzeda decidiu aposentar os búzios, os charutos e as folhas de louro e anunciou o desejo de se tornar bispo evangélico e distribuir bíblias.
"Por causa da minha mãe nunca tive opção, sempre me senti ligado ao candomblé, mas ao tornar-me evangélico quero atingir a felicidade plena", disse ao jornal O Globo o convertido Pai Uzeda, 53 anos, que entretanto ganhou um cargo de assessor na prefeitura carioca.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.