Países Baixos juntam-se à Irlanda e Espanha e ameaçam boicotar Eurovisão se Israel participar

Os Países Baixos boicotarão o Festival Eurovisão da Canção do próximo ano se Israel participar, afirmou esta sexta-feira a emissora holandesa AVOTROS, citando o "sofrimento humano contínuo e grave em Gaza".

Os neerlandeses juntaram-se a uma lista crescente de países europeus que ameaçam retirar-se do concurso, a ser realizado em Viena, incluindo a Irlanda e a Espanha.

"A participação da AVROTROS no Festival Eurovisão da Canção 2026 não será possível enquanto Israel continuar a ser admitido pela EBU", afirmou a estação num comunicado, referindo-se à organizadora do evento, a União Europeia de Radiodifusão.

"Se a EBU decidir não admitir Israel, a AVROTROS terá todo o prazer em participar no próximo ano", adiantam ainda.

Na quinta-feira, a Irlanda, sete vezes campeã, também afirmou que não participaria ao lado de Israel.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou em maio que Israel deveria ser excluído na próxima edição.

A AVROTROS associou a sua decisão à campanha de Israel em Gaza, bem como ao que descreveu como "grave violação da liberdade de imprensa" por parte dos israelitas.

A emissora também acusou Israel de "interferência comprovada... durante a última edição do Festival da Canção, com o evento a ser usado como instrumento político".

O ataque do Hamas em outubro de 2023 resultou na morte de 1219 pessoas, na sua maioria civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números israelitas. Dos 251 reféns capturados durante o ataque, 47 permanecem em Gaza, incluindo 25 que, segundo o Exército israelita, estão mortos.

A ofensiva de retaliação de Israel matou pelo menos 64 656 palestinianos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, que a ONU considera fiáveis.

A Eurovisão é organizada pela EBU em cooperação com os seus membros, emissoras públicas nacionais como a AVROTROS, em mais de 35 países.