Palavras "corajosas". Amnistia Internacional elogia discurso de Guterres sobre Médio Oriente
No Fórum TSF, Pedro Neto refere que "o ataque a civis é aquilo que deve estar no centro do debate".
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Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional em Portugal, elogia António Guterres, que sugeriu que "a ocupação sufocante" de Israel há 56 anos gerou o ataque do Hamas a 7 de outubro. Estas declarações levaram Israel a pedir a demissão de Guterres. No Fórum TSF, Pedro Neto sublinha a coragem do secretário-geral da ONU.
"O ataque a civis, seja de que forma for ou seja por quem for, é aquilo que deve estar no centro do debate neste momento. António Guterres foi corajoso e disse que as coisas como elas são", defende Pedro Neto.
O diretor executivo da Amnistia Internacional em Portugal admite que não conhece pessoalmente António Guterres, mas não tem dúvidas: "Eu não acredito que ele não condene veementemente o ataque e todos os atos de terror que o Hamas cometeu e tem cometido e, da mesma forma, condena aquilo que têm sido os abusos de direitos humanos e o sistema de Apartheid de Israel."
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O embaixador israelita junto das Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan, pediu esta quarta-feira ao secretário-geral, António Guterres, que se demita "imediatamente" após ter dito que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada".
"O secretário-geral da ONU, que demonstra compreensão pela campanha de assassínio em massa de crianças, mulheres e idosos, não está apto para liderar a ONU. Peço-lhe que renuncie imediatamente", escreveu o diplomata na plataforma X (antigo Twitter).
"Não há qualquer justificação ou sentido em falar com aqueles que demonstram compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu. Simplesmente não há palavras", acrescentou.
Momentos antes, na abertura da reunião do Conselho de Segurança, Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 07 de outubro perpetrados pelo grupo islamita Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis".
Contudo, o secretário-geral da ONU admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".
"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres.
O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".