Palestinianos acusam primeiro-ministro israelita de "perpetuar ideologia de direita"
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano reitera que os povos da região estão a pagar um preço elevado por uma "ideologia obscurantista" alimentada pelas autoridades israelitas para "atingir objetivos imperialistas e racistas".
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O Governo palestiniano acusou esta quarta-feira o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de ser hostil à paz e de negar os direitos dos palestinianos ao longo dos anos no poder para "perpetuar uma ideologia de direita".
Benjamin Netanyahu, 74 anos, foi primeiro-ministro entre 1996 e 1999, depois entre 2009 e 2021, e regressou em dezembro de 2022, à frente de uma coligação que integra a extrema-direita e ultraortodoxos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano afirmou, num comunicado publicado no respetivo site na Internet, que Netanyahu desencadeou uma política de brutalidade contra os palestinianos desde que chegou ao poder.
Também lamentou que "os supremacistas controlem agora os contrapesos no Governo israelita", referindo-se à atual coligação governamental.
O ministério alertou para "os perigos catastróficos das campanhas de incitamento racial" contra os palestinianos, segundo o comunicado citado pela agência espanhola Europa Press.
Criticou os altos funcionários israelitas que descreveram os palestinianos como "animais humanos" no contexto da ofensiva contra a Faixa de Gaza, desencadeada pelos ataques do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel em 7 de outubro.
"A responsabilidade é de Netanyahu, que dia e noite faz declarações estúpidas e inflamadas comparando os palestinianos aos nazis", afirmou a diplomacia palestiniana.
O ministério reiterou que palestinianos, israelitas e outros povos da região estão a pagar um preço elevado por uma "ideologia obscurantista" alimentada pelas autoridades israelitas para "atingir objetivos imperialistas e racistas".
Neste sentido, acusou Netanyahu de tentar "substituir a solução de dois Estados por um ciclo de conflito e violência" através de "medidas unilaterais e ilegais".
O ministério palestiniano também alertou para as "consequências sangrentas no terreno" da falta de um acordo para pôr fim à ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza.
Reiterou a necessidade de a comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, "responder às aspirações do povo palestiniano à liberdade e à autodeterminação", através de uma "solução política justa".
Tal solução deve conduzir à criação de um Estado palestiniano nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital, o que "traria segurança e estabilidade à região e ao mundo", acrescentou.
O Hamas anunciou esta quarta-feira que a reação israelita ao ataque de 7 de outubro já causou mais de 21 mil mortos na Faixa de Gaza, além da destruição de grande parte do enclave que o grupo islamita controla desde 2007.
No ataque sem precedentes, comandos do Hamas mataram 1200 pessoas e fizeram mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
O comunicado do ministério seguiu-se a uma entrevista do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, com críticas ao empenho dos Estados Unidos em resolver o conflito israelo-palestiniano com base nas resoluções da ONU.