Comissário promete reavaliação da suspensão da austeridade "nas próximas semanas".
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O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni reconhece que as razões que justificaram o levantamento da austeridade no ano passado vão manter-se, e não cessam "a 31 de dezembro deste ano". A falar à margem da apresentação do boletim intercalar de inverno, Gentiloni prometeu uma reavaliação da suspensão das regras do défice nas próximas semanas.
"Temos de fornecer clareza aos governos nacionais para desenharem os orçamentos", disse o italiano de assume em Bruxelas a pasta da Economia, prometendo uma decisão para breve.
"Decidiremos já na primavera", assegurou, considerando que "fica claro, neste boletim de inverno, que as nossas dificuldades económicas não vão acabar a 31 de dezembro deste ano".
O comissário foi depois mais preciso sobre a decisão inédita que no ano passado rompeu com a regra da disciplina orçamental, dizendo o colégio de comissário apresentará uma conclusão "sobre a cláusula de salvaguarda, nas próximas semanas".
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Relativamente ao impacto da pandemia na economia portuguesa, o comissário considerou que a mesma avaliação pode ser aplicada à "maioria dos membros", relativamente à revisão em baixa das perspetivas de crescimento, para este ano.
Nas perspetivas intercalares de inverno apresentadas hoje, Bruxelas corta previsão de crescimento para este ano. Na estimativa anterior apontava para uma recuperação de 5,4 por cento do PIB. Mas, de acordo com o boletim intercalar de inverno, estima um crescimento de 4,1 por cento em 2021, e de 4,3 por cento em 2022.
Em relação a 2020, a Comissão Europeia identifica a "forte contração", na economia portuguesa em 2020, considerando que a pandemia de Covid-19 afetou "fortemente todos os aspetos das atividades sociais e empresariais".
O setor com impacto negativo "particularmente forte" é o da hotelaria. A estimativa de Bruxelas é que o PIB tenha sofrido uma contração de 7,6% no ano passado, em linha com a perspetiva do Instituto Nacional de Estatística, apresentada na semana passada.
As taxas trimestrais "acompanharam a evolução da pandemia", com uma queda acentuada na primeira metade do ano, até "cerca de 17 por cento". No terceiro trimestre de 2020 a economia "recuperou 13,3 por cento".
"No entanto, o ressurgimento das infeções trouxe novas restrições no final do ano e o crescimento do PIB enfraqueceu para 0,4% no último trimestre", referem os peritos de Bruxelas.
Para o primeiro trimestre de 2021, as perspetivas são pouco animadoras, devido ao "bloqueio mais rigoroso em meados de janeiro", prevendo-se uma nova queda do PIB. A primavera já deverá trazer uma recuperação, que será mais acentuada durante o verão. Bruxelas fala mesmo numa "grande recuperação nos meses de verão".
"Isto implica expectativas de uma recuperação notável do turismo no verão, especialmente nas viagens dentro da UE, e de uma recuperação mais gradual daí em diante. No entanto, projeta-se que o setor de turismo permaneça um pouco abaixo do nível anterior à crise até o final do período de previsão", refere a Comissão Europeia.
O regresso pleno aos "níveis pré-pandémicos" é projetado pela Comissão Europeia para o "final de 2022", embora reconheça que "os riscos permanecem significativos", nomeadamente devido à "grande dependência do país do turismo estrangeiro". A evolução da pandemia continuará a ser um fator de "incertezas", para o setor que impulsionou a economia portuguesa nos últimos anos.
Bruxelas reconhece, porém, que estas estimativas ainda não contemplam todo o impacto da chamada bazuca europeia, tendo em consideração apenas as medidas especificadas no projeto de Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, que estão especificadas no orçamento deste ano.
"As exportações de serviços e o investimento em equipamentos registaram as maiores quedas em 2020, mas o consumo privado também caiu significativamente, com um aumento acentuado na poupança".
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