Papa Francisco apela a que não se excluam os doentes da sociedade: “Enfrentar o sofrimento juntos torna-nos mais humanos”
O líder da Igreja Católica afirma que “a doença é certamente uma das provas mais difíceis e duras da vida”, mas que “o quarto do hospital e o leito da doença podem ser lugares onde se ouve a voz do Senhor”
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O papa Francisco, ainda em convalescença, pediu este domingo, numa homilia lida em seu nome na missa do Jubileu dos enfermos, que não se excluam da sociedade os que sofrem, porque “enfrentar o sofrimento juntos torna-nos mais humanos”.
“Queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida partilho muito convosco: a experiência da doença, de me sentir fraco, de depender dos outros para muitas coisas, de precisar de apoio”, confessou o papa Francisco, no texto.
E acrescentou: "Nem sempre é fácil, mas é uma escola em que aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem fingir e sem rejeitar, sem lamentar e sem desesperar, gratos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abandonados e confiantes no que está para vir."
A homilia foi lida em seu nome pelo Arcebispo Rino Fisichella durante uma missa na Praça de São Pedro que reuniu cerca de 20 mil pessoas, incluindo doentes, voluntários e profissionais de saúde que fizeram a peregrinação a Roma para atravessar a “Porta Santa” do Jubileu.
“Irmãos e irmãs, a poucos metros daqui, o Papa Francisco, no seu quarto, segue-nos de perto e participa, como muitos doentes e débeis, nesta Santa Eucaristia pela televisão”, disse o arcebispo, suscitando aplausos dos fiéis presentes na praça.
O pontífice argentino, tal como nos últimos meses, não pôde assistir à missa, uma vez que se encontra em isolamento na sua residência no Vaticano, desde 23 de março, data em que recebeu alta hospitalar, após 38 dias de internamento devido a uma pneumonia bilateral e outras complicações.
A situação delicada do Papa, que tem vindo a melhorar, segundo a Santa Sé, fez com que este evento jubilar dedicado aos doentes de todo o mundo fosse particularmente aguardado com grande expectativa.
No texto, o Papa afirmou que “a doença é certamente uma das provas mais difíceis e duras da vida”, mas que “o quarto do hospital e o leito da doença podem ser lugares onde se ouve a voz do Senhor”.
Neste sentido, citou o seu antecessor, Bento XVI, que morreu aos 95 anos, a 31 de dezembro de 2022, e que na sua encíclica Spe Salvi (2007) disse que “a grandeza da humanidade é essencialmente determinada pela sua relação com o sofrimento” e que “uma sociedade que não aceita aqueles que sofrem é cruel e desumana”.
“É verdade que enfrentar o sofrimento em conjunto nos torna mais humanos, e partilhar a dor é um passo importante no caminho da santidade”, afirmou.
O pontífice exortou a sociedade a “não relegar aqueles que são frágeis”, como, denunciou, “infelizmente vemos, por vezes, um certo tipo de mentalidade que tende a fazê-lo”.
"Não eliminemos a dor do nosso ambiente. Façamos dela uma oportunidade para crescermos juntos", exortou.
Além disso, Bergoglio dirigiu-se aos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde presentes na Basílica de São Pedro e em todo o mundo para elogiar o seu trabalho no cuidado dos seus pacientes.
"O Senhor oferece-vos a oportunidade de renovar continuamente a vossa vida, alimentando-a com gratidão, misericórdia e esperança. Deixai que a presença dos doentes entre como um dom na vossa existência, para curar os vossos corações, purificando-os de tudo o que não é caridade e aquecendo-os com o fogo doce e ardente da compaixão", afirmou.