O presidente cubano Raúl Castro aproveitou a cerimónia de receção ao papa Francisco para agradecer o apoio no restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos mas deixou alguns recados.
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O papa Francisco instou Cuba e os Estados Unidos da América "a avançar" na normalização das relações bilaterais e a "desenvolver todas as suas potencialidades", durante o seu discurso à chegada à capital cubana, Havana.
"Somos testemunhas de um acontecimento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre os dois países, depois de anos de distanciamento. É um processo, um sinal da vitória da cultura do encontro, do diálogo", disse Francisco no Aeroporto Internacional José Marti, em Havana.
Antes do discurso do papa, o Presidente de Cuba agradeceu a Francisco o seu apoio no restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, "um primeiro passo no processo de normalização das relações entre os países que permitirá resolver problemas e reparar injustiças".
Na sua intervenção, Raúl Castro pediu o 'regresso' da base de Guantanamo a Cuba e o fim do bloqueio económico.
"O bloqueio, que provoca danos humanos e privações às famílias cubanas, é cruel, imoral e ilegal. Deve cessar", disse o dirigente cubano, no discurso proferido à chegada do papa ao aeroporto de Havana, cidade onde inicia uma visita de quatro dias à ilha.
O Airbus a330 da companhia Alitalia que transportava o papa aterrou poucos minutos antes das 16:00 locais (21:00 em Lisboa) no aeroporto José Martí de La Habana, onde era aguardado pelo Presidente cubano, Raúl Castro, e pelo cardeal Jaime Ortega, o representante máximo da Igreja católica na ilha.
Francisco inicia assim uma das viagens mais longas e delicadas do pontificado, que o levará à praça da Revolução, em Havana, ao Congresso dos Estados Unidos, em Washington, e à ONU em Nova Iorque.
Até terça-feira, o papa estará em Cuba, com passagens por Havana, Holguin e Santiago, para encontros com jovens, famílias, bispos e, provavelmente, o líder histórico do regime Fidel Castro.
Três visitas papais em 17 anos mostram a atenção excecional do Vaticano a este país, onde o regime e a Igreja católica se congratulam com o apoio do papa à normalização das relações diplomáticas com os Estados Unidos.
Depois, o avião papal levará diretamente Francisco de Havana à base militar de Andrews, em Washington, onde será recebido pelo presidente Barack Obama.
Nos Estados Unidos, os dois momentos mais esperados serão os discursos, em inglês, no Congresso, em Washington e em espanhol na assembleia-geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Ainda em Washington, Francisco vai canonizar o missionário espanhol Junipero Serra, que participou no século XVIII na evangelização da Califórnia (costa oeste).
Em Nova Iorque, o papa vai presidir no "Ground Zero" a uma cerimónia inter-religiosa contra o terrorismo e em memória das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Na última etapa, em Filadélfia (Pensilvânia), Jorge Bergoglio vai presidir ao encerramento do oitavo Encontro Mundial das Famílias católicas. Cerca de dois milhões de pessoas são esperadas para a missa final, ao ar livre, de acordo com as previsões da organização.