Chefe da Igreja Católica argumenta que presidir à Eucaristia é uma função "não delegável".
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O Papa Francisco rejeitou, esta quarta-feira, o pedido para ordenação de homens casados e de mulheres para solucionar a escassez de clérigos na Amazónia, uma proposta histórica que poderia pôr fim a séculos de tradição católica romana.
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Num documento intitulado "Querida Amazónia" , que foi apresentado pelos cardeais Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e Michael Czerny, secretário especial do Sínodo de 2019, o Papa escreve que "é importante determinar o que é mais específico do sacerdote, aquilo que não se pode delegar. A resposta está no sacramento da Ordem sacra, que o configura a Cristo sacerdote. E a primeira conclusão é que este caráter exclusivo recebido na Ordem deixa só ele habilitado para presidir à Eucaristia. Esta é a sua função específica, principal e não delegável".
Quanto ao papel das mulheres na Igreja - e à sua possível ordenação como diáconos - o Papa Francisco escreve que "este reducionismo levar-nos-ia a pensar que só se daria às mulheres um status e uma participação maior na Igreja se lhes fosse concedido acesso à Ordem sacra. Mas, na realidade, este horizonte limitaria as perspetivas, levar-nos-ia a clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e subtilmente causaria um empobrecimento da sua contribuição indispensável".
O Papa escreve ainda que "a situação atual exige que estimulemos o aparecimento doutros serviços e carismas femininos" - sem especificar quais - e que as mulheres "deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio".
O documento agora publicado é uma carta de amor à floresta amazónica e aos seus povos indígenas, escrita pelo primeiro papa latino-americano da história, que há muito se preocupa com as questões ambientais e com a crucial importância da Amazónia para o ecossistema global.
O documento final do Sínodo 2019 alertava para a destruição dramática da Amazónia, enunciando "pecados ecológicos" e apresentando a Igreja Católica como aliada na defesa da vida e da terra dos povos amazónicos.