Governo panamiano admite vir a aplicar a lei de "retorsão" ou reciprocidade caso haja nações que incluam o país em listas cinzentas ou negras.
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O Governo panamiano assegura que não aceitará que se utilize o Panamá como um "bode expiatório" após a revelação de inúmeros documentos da empresa Mossack Fonseca e que relaciona numerosas personalidades com paraísos fiscais,
O ministro da presidência panamiano, Álvaro Alemán, advertiu em conferência de imprensa que o Governo não exclui a aplicação da lei de "retorsão" ou reciprocidade aos países que o incluam em listas cinzentas ou negras, e exigiu que "cada Estado deve assegurar que as empresas e os cidadãos cumpram as suas leis e regulamentações".
O Panamá "rejeita e lamenta" que se pretenda "humilhar" o seu nove "ignorando convenientemente a participação nas operações 'offshore' de instituições e indivíduos de outras nações", acrescentou Alemán na sede do Governo, acompanhado por diversas autoridades panamianas.
"Exigimos aos meios de comunicação nacionais e internacionais que se utilizem o tempo para perceber profundamente a situação e evitar repetir lugares comuns e velhos preconceitos sobre o nosso país. O Panamá mudou e estamos a impulsionar reformas dramáticas que não podem ser de nenhuma forma ignoradas", frisou.
O ministro também criticou a utilização do nome de Panamá para intitular a fuga em massa de documentos da firma de advogados panamiana Mossack Fonseca, especialista em gestão de património, por não ser o único país envolvido e também serem mencionadas "21 distintas jurisdições".
A maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios.
A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
O semanário Expresso e o canal de televisão TVI estão a participar nesta investigação em Portugal.