A cidade portuária de Carachi, no Paquistão, teve o ano mais mortífero das últimas duas décadas em 2012, com o registo de cerca de dois mil mortos em violentos conflitos étnicos e políticos, os quais alimentam receios quanto às eleições deste ano.
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Carachi, um centro financeiro com uma população de 18 milhões de pessoas, é o centro financeiro do Paquistão, com 180 milhões de habitantes, sendo responsável por cerca de 20 % do Produto Interno Bruto (PIB), 57 % das receitas fiscais e elege 33 deputados para o parlamento federal.
Contudo, enormes surtos de migração têm vindo a exercer pressão sobre os recursos e a exacerbar a luta pela identidade e controlo que apenas se tornou mortífera desde que o Partido do Povo do Paquistão (PPP) tomou posse em Islamabad há cinco anos.
De acordo com a Comissão dos Direitos Humanos do Paquistão, 1.800 pessoas morreram nos primeiros nove meses do ano passado.
Em 2011, a organização colocou a fasquia em 1.000, o valor mais elevado de mortes em 16 anos.
Carachi tem todos os 'ingredientes' de um 'cocktail' explosivo: guerras entre gangues, expropriações de terras, droga, islamismo extremo, rivalidades políticas, tensões étnicas, pobreza extrema e um aumento significativo da população devido à vaga de migração.
As autoridades paquistanesas insistem que os conflitos étnicos e sectários apenas estão na origem de 20 % das mortes, isto quando os ativistas defendem que a falta de agentes que apliquem a lei constitui parte do problema.
«Carachi está a transformar-se numa cidade onde tem vindo a ser cada vez mais difícil controlar a violência porque as forças policiais não são suficientes, registam-se menos de 30.000 agentes para 18 milhões de habitantes"», afirmou a presidente da Comissão dos Direitos Humanos do Paquistão, Zohra Yusuf, em declarações citadas pela agência noticiosa francesa AFP.
O Paquistão deve realizar eleições no final de maio, as quais irão assinalar a primeira transição democrática de poder no país, dominado há décadas por governantes militares.