"Para mim o 11 de setembro são cheiros. O cheiro a carne humana queimando nos escombros, e a gás"
Um menino treinado pelos taliban paquistaneses, uma poeta iraquiana obrigada a ir viver para o país invasor, um jovem afegão que atravessou oito países para escapar aos taliban. Ahmer, Faleeha e Rafi são três das sete pessoas que a jornalista Simone Duarte conheceu e entrevistou para nos contar o 11 de setembro que ninguém viu. "O Vento Mudou de Direção" é o nome do livro agora publicado, 20 anos depois do atentado às Torres Gémeas.
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Em 2001, Simone Duarte chefiava a redação da TV Globo em Nova Iorque.
Na manhã do 11 de setembro, logo após o segundo avião chocar contra a torre Sul do World Trade Center, entrou em direto, e, durante duas horas, a jornalista brasileira permaneceu ao telefone relatando os acontecimentos trágicos desse dia. Já de madrugada, no regresso a casa, para um banho rápido e uma muda de roupa, sentiu um cheiro a gás no prédio onde vivia. Uma fuga? Da portaria garantem que não. "É o fumo que vem do World Trade Center. É que o vento mudou de direção."
"Para mim o 11 de setembro são cheiros", recorda a jornalista, "o cheiro a carne humana queimando nos escombros, e esse cheiro a gás".
Foram precisos 18 anos para Simone Duarte ganhar coragem para ver e ouvir a emissão, como a própria escreve na Introdução do livro, mas a proximidade dos 20 anos sobre o acontecimento deu-lhe o fôlego necessário para, "sozinha, de auscultadores", reviver cada segundo daquela emissão. Mas essa é a história que todos conhecem. O vento que mudou de direção levou-a a procurar e a escrever a história de sete pessoas, cujas vidas foram atropeladas pelo 11 de setembro. Na expressão desabafada por um deles: " Os americanos tiveram um 11 de setembro. Nós continuamos a viver o nosso 11 de setembro, até hoje..."
São estas vidas, viradas do avesso, que nos são aqui reveladas, bem como as memórias de Simone Duarte.
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