Deputados britânicos quiseram precaver-se perante a possibilidade de Boris Johnson recorrer à medida para viabilizar um Brexit sem acordo.
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Os deputados do Reino Unido aprovaram, esta quinta-feira, uma emenda com o objetivo de impedir o próximo primeiro-ministro de suspender totalmente o Parlamento. Esta é uma medida a que Boris Johnson - na corrida à sucessão de Theresa May com Jeremy Hunt - não descarta recorrer para evitar que os deputados bloqueiem um Brexit sem acordo.
A eventual suspensão do Parlamento tem sido um dos temas da campanha para a liderança do partido conservador. Jeremy Hunt diz "jamais", mas Boris Johnson diz "talvez". Tal bastou para que, a jogar pelo seguro, os deputados tenham aprovado a emenda que obriga o Parlamento a reunir cinco vezes, caso o futuro primeiro-ministro opte pela suspensão.
A emenda foi aprovada por uma maioria de 41 votos - superior à esperada - e os parlamentares deixaram uma mensagem clara ao senhor que se segue: a de que sua vida não será mais fácil que a de Theresa May.
A decisão foi tomada no mesmo dia em que o Gabinete para a Responsabilidade Orçamental publicou um estudo no qual alerta para os riscos de uma saída da UE sem acordo, o chamado Hard Brexit. O organismo independente diz que a economia entraria em recessão e a dívida pública britânica aumentaria 30 mil milhões de libras, por ano. Aliado a este crescimento da dívida, o gabinete menciona ainda a queda do valor das casas e da libra.
Também esta quinta-feira, o ex-PM trabalhista Gordon Brown alertou para o facto de que Boris Johnson, o favorito das sondagens, poderá vir a ser o último primeiro-ministro do Reino Unido.
O ex-governante terá tido em conta recentes estudos de opinião que revelam que, se Boris chegar ao cargo, os independentistas venceriam um novo referendo na Escócia.