O festival foi anteriormente banido em 2018 pelo antigo ministro da Ética Simon Lokodo, um homofóbico católico devoto.
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O festival de música eletrónica Nyege Nyege, um dos maiores da África Oriental e que já chegou a reunir mais de 100 mil pessoas, foi proibido pelo parlamento do Uganda, que considerou que o evento "promove a imoralidade".
O festival deveria realizar-se durante quatro dias a partir de 15 de setembro na cidade de Jinja, no sudeste do país, marcando o regresso aos palcos depois da pandemia de Covid-19, mas o parlamento anunciou na sua conta do Twitter que o festival tinha sido "banido".
"Promove a imoralidade e nós não queremos esta imoralidade no nosso país", disse a ministra da Ética e Integridade, Rose Lilly Akello, aos jornalistas.
VIDEO: State Minister for Ethics and Integrity Rose Lilly Akello explains why the parliament is banning the Nyege Nyege Festival. The event was slated to take place on 15th, September 2022. #NTVNews
- NTV UGANDA (@ntvuganda) September 6, 2022
@zziwaherbert pic.twitter.com/GJgs5C3TiE
O seu colega responsável pelo Turismo, Martin Mugarura, admitiu à agência de notícias France-Presse (AFP) que a proibição do festival teria um impacto negativo na economia, que está a lutar para recuperar da pandemia de Covid-19.
"Mais de oito mil turistas estrangeiros já compraram os seus bilhetes e deveriam permanecer no país durante o festival, e mesmo depois", afirmou, acrescentando esperar que as autoridades revertam a decisão.
O festival foi anteriormente banido em 2018 pelo antigo ministro da Ética Simon Lokodo, um homofóbico católico devoto, segundo a AFP.
"Não aceitaremos a perda da nossa moral, a homossexualidade não será aceite", disse então, argumentando que o festival "está próximo do culto ao diabo e, portanto, inaceitável", mas acabou por recuar devido à controvérsia gerada nas redes sociais.
A expressão 'Nyege Nyege' significa uma vontade irresistível de dançar na língua Luganda, mas também pode ter conotações sexuais noutros dialetos da região.
A homofobia é generalizada no Uganda, onde as chamadas relações "não naturais" são puníveis com prisão perpétua ao abrigo de uma lei que data da colonização britânica.
O assédio e a intimidação fazem parte do dia a dia dos homossexuais deste país, onde o cristianismo evangélico é particularmente veemente em relação ao movimento LGBTQ.
Em dezembro de 2013, o Uganda adotou uma nova lei que pune a "promoção da homossexualidade" e torna obrigatória a denúncia dos homossexuais, mas o diploma, que desencadeou uma forte reação internacional, foi anulado pelo Tribunal Constitucional em agosto de 2014.