Quarta-feira é o dia em que os eurodeputados do Partido Popular Europeu são aconselhados a ir tomar um cafezinho durante uma importante votação. Esta terça-feira vão poder ouvir o debate sobre um relatório e sobre Viktor Orban.
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A votação desta quarta-feira - com resultado imprevisível, segundo a TSF apurou junto de fontes do Parlamento Europeu - é a que permite acionar contra a Hungria o artigo sétimo dos Tratados Europeus, que prevê suspender direitos a um estado membro, mas as sanções ao país requerem uma votação por maioria qualificada.
O conselho para os deputados do Partido Popular Europeu (PPE) irem tomar café durante a votação é da eurodeputada relatora do processo, Judith Sargentini, do grupo dos Verdes, que em finais de abril capitaneava desta forma as críticas da esquerda europeia às políticas do governo de Viktor Orbán:
"Nós cidadãos europeus, incluindo os cidadãos húngaros, precisamos de nos sentirmos seguros, respeitados. Temos uma tarefa como Parlamento Europeu: se um Governo não assegura isso, outros devem avançar. É a primeira vez que o Parlamento Europeu faz um relatório deste género; considero importante que seja baseado em factos e com conteúdo verificado. A situação atual na Hungria representa um risco claro de uma violação séria dos valores fundamentais da União Europeia".
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A votação acontece esta quarta-feira em Estrasburgo. Esta terça-feira fala ao plenário o chefe do governo húngaro num dia que começa com uma intervenção do primeiro ministro grego Alexis Tsipras e vai ter o presidente libanês Michel Aoun ao final da manhã.
Na votação sobre a Hungria, o dilema dos eurodeputados do centro-direita pode ser entre defender a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos ou os colegas de bancada do Fidesz, o partido de Viktor Orbán, todo-poderoso chefe de governo na Hungria. Em maio último, o relatório sobre a Hungria avançou graças à abstenção de muitos deputados do Partido Popular Europeu (PPE).
Se dois terços do eurodeputados votarem pelo acionar do Artigo Sétimo, o Conselho Europeu fica obrigado a tomar uma decisão que permite que quatro quintos dos estados membros (22 países) possam dizer se o tal artigo punitivo da Hungria é aplicado ou não.
Os conservadores britânicos, não sendo da mesma família política do Fidesz de Orbán, podem vir a votar contra o relatório de Sargentini se com isso conseguirem o apoio húngaro ao que possa vir a ser o plano definitivo do Brexit. Ou seja, muita coisa em jogo aqui em Estrasburgo antes do discurso do estado da União por Jean-Claude Juncker que acontece também na quarta-feira.