Parlamento Europeu discute conflito em Gaza: eurodeputadas de esquerda pedem mais sanções e embargo total de armas a Israel
Entre os temas que vão ser discutidos está a forma como os 27 têm lidado com as flotilhas humanitárias. Mais sanções, envio de ajuda humanitária, embargo de armas de e para Israel e a libertação dos reféns são algumas das reivindicações da esquerda europeia
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Os eurodeputados debatem, esta terça-feira, o conflito em Gaza, em Estrasburgo, a pedido do grupo de esquerda europeia. Em discussão vai estar o posicionamento de Bruxelas relativamente às flotilhas humanitárias que têm tentado levar ajuda a Gaza.
A União Europeia diz que compreende o empenho dos ativistas para sensibilizar a opinião pública para o tema, mas tem alertado também para os riscos que estas flotilhas correm. Ouvida pela TSF, a eurodeputada Catarina Martins defende que Bruxelas deve ir mais longe e assegurar a proteção destas iniciativas, sobretudo porque "há mais uma flotilha a caminho".
"Estamos numa situação única neste século, de existir uma fome provocada por mão humana, por Israel. Face a esta situação e à inação dos governos, há quem na sociedade civil se organize para tentar fazer chegar ajuda humanitária por barco, ou seja, estão a fazer o que os Estados-membros deviam fazer. E a resposta de Israel a este movimento foi mais um crime ao deter as pessoas em águas internacionais. Aquilo que nós desejamos é, por um lado, que a União Europeia proteja, de forma muito clara, quem na sociedade civil tenta fazer o que é responsabilidade dos Estados-membros, que é levar ajuda humanitária e, por outro lado, que imponha sanções a Israel imediatamente e, claro, que os detidos por Israel sejam todos libertados", defende.
Catarina Martins critica a União Europeia pela posição "cínica" que assumiu relativamente à missão humanitária Sumud, quando referiu que "preferia que não existissem flotilhas", sem "mandar a própria frota e levar ajuda humanitária, como está obrigada pelos tratados internacionais que subscreveu".
Além de defender que os 27 devem impor rapidamente sanções a Israel, a eurodeputada pede ainda que a UE declare embargo à compra e venda de armas a Israel. "A União Europeia está a mandar armas para Israel todos os dias. As armas que matam em Gaza são, muitas delas, europeias. Portanto, o mínimo que tem de se exigir é que parem de chegar armas para os israelitas. A UE também não devia querer apenas apreender os bens de alguns ministros, a União Europeia devia estar empenhada em fazer cumprir os mandatos do Tribunal Penal Internacional, nomeadamente para prender Netanyahu", atira.
Também Marta Temido apela a Bruxelas que "cumpra aquilo que são os pedidos de uma recente resolução do Parlamento Europeu sobre a suspensão do acordo comercial com Israel, à continuação de todos os esforços diplomáticos no sentido de que seja retomada a entrega de ajuda humanitária e sejam libertados os reféns".
A eurodeputada socialista não está confiante no plano anunciado por Donald Trump e defende que, se o acordo falhar, "será necessária outra solução diplomática e, talvez, que a União Europeia possa ser um ator nesse domínio".