O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, vai solicitar, esta terça-feira, ao parlamento um voto de confiança após a recente remodelação governamental, avisando que as divisões internas apenas contribuem para agravar a «crítica encruzilhada» do país.
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Num discurso pronunciado domingo, e que abriu o debate parlamentar sobre a moção de confiança ao executivo do Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK, que garante 155 dos 300 lugares do parlamento), Papandreou também propôs um referendo para o próximo Outono, destinado a rever a Constituição e promover «reformas radicais» num sistema estatal «disfuncional».
O primeiro-ministroanunciou também a formação de um painel independente integrado por 20 a 25 especialistas, destinado a examinar diversas propostas que incluem a redução do número de deputados, a abolição de uma lei que protege os ministros das perseguições judiciais e uma ampla revisão do sistema eleitoral.
Apesar de contestado pela sua própria bancada, Papandreou deverá garantir a aprovação da moção, visto que alguns deputados socialistas que na última semana se demarcaram das novas medidas de austeridade exigidas pela "troika" foram substituídos por apoiantes da "linha oficial".
O chefe do governo de Atenas, que nas legislativas antecipadas de Outubro de 2009 garantiu maioria absoluta, considerou que a saída do FMI não resolverá o problema do país, e admitiu a bancarrota caso não seja concedida em breve a quinta tranche do empréstimo internacional.
Assim, Papandreou apelou ao «consenso nacional» em torno de prioridades fundamentais, numa óbvia referência à Nova Democracia (ND, conservador) de Antonis Samaras, que se tem recusado a aprovar o novo e draconiano pacote de austeridade, que inclui mais reduções salariais, aumento de impostos e um vasto plano de privatizações.
No passado domingo, a reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo) que discutiu a crise na Grécia saldou-se por um fracasso.
A União Europeia (UE) e os mercados voltaram a deixar um aviso solene: a Zona Euro exige a Atenas que ultrapasse a crise política e aprove as novas medidas de austeridade, apesar da grande tensão social instalada sobretudo nas ruas da capital da Grécia.