Parlamento israelita discute possibilidade de punir crime de terrorismo com pena de morte
Contra a ideia estão os familiares de todos aqueles que foram raptados pelo Hamas, tendo implorado para que o debate não acontecesse, por considerarem que vai pôr em maior perigo os reféns.
Corpo do artigo
Mais de seis semanas após o ataque do Hamas, o Parlamento de Israel, Knesset, debate esta segunda-feira a possibilidade de alargar a pena de morte ao crime de terrorismo.
TSF\audio\2023\11\noticias\20\margarida_serra
Esta segunda-feira, no comité parlamentar de Segurança Nacional, as famílias dos mais de 200 reféns entraram numa acesa troca de argumentos com os deputados da extrema-direita, por não quererem que a lei seja agora modificada.
Na História, Israel só condenou à morte dois prisioneiros e apenas um foi executado, o nazi Adolf Eichmann, em 1962.
A pena de morte está prevista para os crimes de traição e contra a humanidade. O partido Otzma Yehudit quer agora que também os ataques terroristas, como o que aconteceu a 7 de outubro, sejam abrangidos.
Contra a ideia estão os familiares de todos aqueles que foram raptados pelo Hamas, tendo implorado para que o debate não acontecesse, por considerarem que vai pôr em maior perigo os reféns.
"Isto significaria alinhar nos jogos mentais [do Hamas]. E, em troca, receberíamos fotografias dos nossos entes queridos assassinados, com o Estado de Israel e não [o Hamas] a ser responsabilizado por isso", disse Yarden Gonen, cuja irmã Romi está entre os capturados.
"Não ponham o sangue da minha irmã nas vossas mãos", apelou.
Gil Dickmann, cujo primo está a ser mantido em cativeiro, sublinhou que "haverá tempo para discutir, mas mais tarde".
"Por favor, fiquem connosco do lado da vida e não da morte. Peço-vos que retirem este assunto da ordem do dia, se tiverem coração e se nos virem", disse.
Ainda assim, os deputados da extrema-direita não aceitaram o pedido e ainda acusaram as famílias de representarem mais o Hamas do que o Estado de Israel. Um destes políticos disse a um homem, que tem a mulher e a filha desaparecidas, que não é "dono do sofrimento", seguindo-se uma longa troca de acusações.
Na abertura do debate, o presidente do comité defendeu que os homens do Hamas não podem continuar a ser presos.
"Israel não tem obrigação de continuar a alimentar essas bestas", foram as palavras de Zvika Fogel, membro do Otzma Yehudit, que acusou as famílias de estarem a ser manipuladas pelos extremistas palestinianos.
A proposta da extrema-direita, que em breve será debatida no plenário, não é consensual na coligação governamental.
O ministro da Educação, que representa o Likud, colocou-se ao lado dos familiares dos reféns do Hamas, defendendo que esta não é a altura para realizar o debate sobre a pena de morte.