Deputados aprovaram votos de PSD/CDS e de PS a condenar mortes e a apelar a eleições. Voto do PCP, que condena "operação golpista" na Venezuela, foi rejeitado. Das bancadas da direita ouviu-se "vergonha".
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O parlamento aprovou, esta sexta-feira, dois votos sobre a atual situação política e social na Venezuela: um do PSD e do CDS-PP, a condenar as mortes de manifestantes na Venezuela, e outro do PS, a pedir uma solução pacífica para a crise por via de eleições democráticas.
Na mesma sessão plenária, foi ainda chumbado um voto do PCP a condenar a "operação golpista" contra o Governo de Caracas e a "campanha de agressão" à Venezuela - um documento que recebeu apenas o apoio do Partido Ecologista "Os Verdes" e a abstenção do Bloco de Esquerda.
No momento da votação do texto apresentado pelo PCP, das bancadas de PSD e CDS-PP ouviram-se expressões como "vergonha", seguidas de protestos, obrigando mesmo o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, a pedir silêncio no hemiciclo.
Já o voto conjunto do PSD e do CDS-PP teve o apoio do PS e do PAN, tendo sido rejeitado pelo Bloco de Esquerda, PCP e PEV. No caso do voto do PS, o Bloco de Esquerda optou pela abstenção, o PCP e PEV votaram contra, enquanto PSD, CDS e PAN apoiaram-no.
No voto apresentado pelo PSD e CDS-PP, defende-se que o parlamento deve exprimir o seu pesar por aqueles que morreram no contexto da crise política e apela a uma "resolução pacífica que salvaguarde a segurança da grande comunidade portuguesa e lusodescendente na Venezuela, que respeite o mandato democrático da Assembleia Nacional e do seu Presidente Guaidó, e que reponha a normalidade democrática através da realização de eleições livres".
Já no voto apresentado pela bancada socialista condena-se "os atos de violência que vitimaram dezenas de pessoas em protesto pacífico" e apela-se a que o parlamento manifeste "toda a sua solidariedade para com a comunidade portuguesa residente na Venezuela, reconhecendo a importância das medidas que o Governo português tem implementado para o apoio e acompanhamento" desta comunidade.
"A situação política, económica e social na Venezuela é insustentável", aponta ainda o PS, considerando "fundamental que a resolução do conflito político se faça pela via democrática, num processo pacífico e sem ingerências".
Em sentido oposto, o PCP pretendia condenar a "operação golpista, o bloqueio, o confisco de bens e as reiteradas ameaças de intervenção militar por parte dos Estados Unidos contra a Venezuela".
Na quinta-feira, o Parlamento Europeu reconheceu Juan Guaidó como o "Presidente interino legítimo" da Venezuela.