"Partiu fisicamente, mas não em espírito." Embaixadora da Palestina em Portugal espera que Igreja Católica continue legado de Francisco
Rawan Sulaiman teve a oportunidade de conhecer o Papa em 2015, quando presidiu a delegação que negociou o reconhecimento oficial do Estado da Palestina pelo Vaticano
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A Palestina espera que o próximo Papa continue o legado que Francisco deixou. É o pedido deixado, em declarações à TSF, por Rawan Sulaiman, embaixadora do Estado palestiniano em Portugal.
A diplomata garante que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia também perdem com a morte do Papa Francisco, um homem que, na opinião de Sulaiman, sempre alertou para o sofrimento das pessoas nestas regiões. "É uma notícia triste para a Palestina e para mim, pois tive a honra de conhecer o Santo Padre em pessoa", começa por dizer, recordando o encontro com Francisco em 2015, quando presidiu a delegação que foi enviada ao Vaticano para negociar o reconhecimento do Estado da Palestina — algo que veio a confirmar-se.
"Francisco foi um grande apoiante da paz e da justiça", prossegue a embaixadora.
Ele acreditava genuinamente no direito à autodeterminação dos palestinianos. Acreditava genuinamente na humanidade, sem exceções. Falou de forma aberta e sincera sobre a nossa tragédia, por causa da ocupação israelita, e fez questão de chamar a atenção para a devastação que se vive em Gaza, até aos últimos momentos.
O povo da Palestina é, maioritariamente, muçulmano. Ainda assim, Rawan Sulaiman assinala que, "cristãos ou não, os palestinianos esperam que o próximo Papa continue o legado de Francisco, que continue a pedir justiça e o fim da ocupação". Um legado que é também "para a humanidade", na luta pelos direitos de todos, até porque "o Santo Padre partiu fisicamente, mas não em espírito. É uma grande perda para nós e para toda a humanidade", conclui Rawan Sulaiman, embaixadora do Estado palestiniano em Portugal.
O Papa Francisco morreu, na segunda-feira, dia 21 de abril, aos 88 anos. Portugal decretou luto nacional durante três dias, de 24 a 26 deste mês, e vai fazer-se representar pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelo Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, no funeral. As exéquias estão marcadas para as 10h da manhã de sábado, dia 26 de abril (9h da manhã em Lisboa), no Vaticano.
