Uma investigação do jornal francês Libération revela o custo da travessia para Inglaterra através da fronteira em Calais, controlada por redes de contrabando.
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Os custos da travessia para Inglaterra através da fronteira em Calais varia consoante o risco envolvido. O Libération publicou esta terça-feira uma investigação sobre os preços impostos pelas redes de contrabando. A informação foi recolhida junto da polícia de fronteira em Pas-du-Calais. O jornal francês fala de quatro formas de fazer a travessia.
A opção mais cara custa entre 6 000 e 10 000 euros. Inclui transporte num carro até Calais e o alojamento num hotel ou num pré-fabricado, com água corrente, num acampamento. A viagem para Inglaterra é garantida pela rede de contrabando. Mais económica, uma outra hipótese implica custos entre 1 000 e 1 500 euros. Neste caso, os migrantes chegam a Calais por meios próprios. A passagem para Inglaterra é feita através da "compra" documentos falsificados ou de uma viagem a um motorista, que os esconde entre a carga do camião.
Já por cerca de 500 euros, os passadores garantem o acesso a um parque de estacionamento onde os camionistas estacionam durante a noite. Aqui o motorista não está envolvido. Esta é a opção mais frequente para chegar a Inglaterra. Para quem que não tem forma de pagar, a travessia tem de ser feita sem recorrer a traficantes. O imigrante está por conta própria e tenta esconder-se num camião. É a opção mais arriscada, principalmente porque desafia as redes de contrabando, que vêem em Calais uma fonte inesgotável de rendimento.
Calais é o último obstáculo para milhares de migrantes que partem de países como Somália, Afeganistão, Síria ou Líbia, para tentarem a sorte na Grã-Bretanha. Desde o início do ano já morreram 12 pessoas nesta travessia.
França e Reino Unido assinam quinta-feira um novo acordo de cooperação para responder à crise dos migrantes em Calais, através de um maior combate às redes de tráfico e do aumento do dispositivo humanitário no terreno. Londres já anunciou o reforço da segurança, com um investimento de 10 milhões de euros. No próximo mês, devem ser aprovados mais 15 milhões de euros.