Pastor salva seis atletas após mudança brusca do tempo que fez 21 mortos durante corrida na China
Zhu Keming resgatou atletas surpreendidos pelo tempo extremo e acolheu-os numa gruta que mantinha preparada para emergências.
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Um pastor socorreu seis atletas durante a ultramaratona na China em que 21 participantes morreram devido a uma mudança súbita das condições meteorológicas, no passado sábado.
Dezenas de corredores foram apanhados de surpresa por uma descida acentuada da temperatura, queda de granizo, chuva gelada e vento forte em plena corrida, na reserva natural da Floresta de Pedra do Rio Amarelo, perto da cidade de Baiyin, no nordeste da China.
Depois alerta, as equipas de resgate conseguiram salvar 18 pessoas, encontradas com sinais de hipotermia, mas outras 21 acabaram por morrer.
A corrida de montanha de 100 quilómetros contava com a participação de 172 pessoas, mas não havia em todo o percurso postos de controlo que pudessem prestar assistência rápida aos atletas.
Seis pessoas foram salvas por Zhu Keming, um pastor que estava a vigiar o seu rebanho quando a tempestade se abateu sobre a montanha, conta a agência AFP esta quarta-feira.
O homem encaminhou os animais para uma uma caverna onde costumava guardar roupa e alimentos para casos de emergência, mas voltou a sair ao perceber que um atleta precisava de socorro, quando o viu parado, aparentemente com cãibras.
Zhu Keming ajudou o primeiro atleta a entrar na gruta, acendeu uma fogueira, massajou-lhe as mãos e os pés gelados e ajudou-o a secar a roupa.
Outros quatro corredores conseguiam chegar à caverna e alertam o pastor para outras pessoas que precisavam de ajuda. Este saiu várias vezes para resgatar todos os atletas que conseguiu, incluindo um homem que teve de transportar ao colo.
Louvado pela imprensa como um herói, Zhu Keming diz que é apenas uma "pessoa comum", que fez apenas "uma coisa comum" e lamenta não ter conseguido ajudar os atletas que morreram por hipotermia.
"Havia dois homens sem vida e não consegui fazer nada por eles, sinto muito", disse.
A imprensa chinesa noticia esta quarta-feira que foram oferecidos cerca de 135.000 euros de compensação por cada vítima, mas as famílias exigem que o caso seja investigado e querem ver apuradas responsabilidades pela morte dos 21 atletas.
Os organizadores da prova terão ignorado os avisos dos serviços meteorológicos que previam condições climatéricas adversas, mas foram, até agora, formalmente escrutinados.
Uma equipa de investigação conjunta, incluindo funcionários da agência meteorológica estatal e do ministério do Desporto, está em Baiyin para investigar que lições podem ser aprendidas com a tragédia, segundo o portal do governo local.
"Para sermos responsáveis perante as vítimas e a sociedade, devemos cooperar plenamente com o comité do Partido [Comunista] da província e a equipa de investigação do governo local, para fazer um bom trabalho na investigação sobre o incidente, descobrir as razões em profundidade e procurar a verdade dos factos", pode ler-se numa nota transmitida aos jornalistas em comunicado.