Paulo Rangel: Zelensky deve ser o “legítimo representante” da Ucrânia nas negociações

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel
Tiago Petinga/Lusa
Rangel defende participação da União Europeia, do Reino Unido e de Kiev nas negociações para a paz na Ucrânia
Corpo do artigo
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, enfatizou a necessidade da participação de Kiev, de Bruxelas e também do Reino Unido nas negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia. De acordo o chefe da diplomacia portuguesa, qualquer acordo de paz terá de ser “justo, sustentável” e contar com o consentimento da própria Ucrânia.
Em declarações à imprensa registadas, esta segunda-feira, em Bruxelas, à entrada para a reunião de ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia, Rangel destacou que a presença da UE é decisiva. Segundo o ministro, “a União Europeia e os parceiros europeus, como o Reino Unido, têm de ter voz ativa no processo negocial, pois são parte integrante da solução”.
“Naturalmente que a União Europeia tem uma palavra a dizer também no processo negocial, porque se aquilo que se espera mais tarde é que, havendo um cessar-fogo e paz, haja garantias de segurança de países europeus, haja um esforço financeiro enorme para reconstruir a Ucrânia. Isso não é possível, nem faz sentido, obviamente, sem envolver a União Europeia, porque se ela é parte da solução, tem obviamente de contribuir para a resolução do problema”, sublinhou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que o processo de negociação ainda se encontra “muito no início” e, por isso, considera fundamental que a Ucrânia esteja posicionada em pé de igualdade com a Rússia. Rangel alertou contra qualquer entendimento que não tenha o apoio explícito do Governo ucraniano, frisando que “nada pode ser feito sem a aquiescência da Ucrânia”, afirmou.
Questionado sobre a eventualidade de Volodymyr Zelensky ter uma posição enfraquecida dadas as críticas que lhe têm sido dirigidas pelo presidente norte-americano, que o considerou um “ditador” pela ausência de eleições no país que foi invadido pela Rússia, Paulo Rangel recordou que a própria Constituição da Ucrânia impede processos eleitorais enquanto vigora a lei marcial. “Não há aí nenhuma irregularidade e, portanto, nós não nos revemos nessa afirmação”, disse.
“O Presidente Zelensky permanece como o legítimo interlocutor do país e o líder que deve chefiar as negociações”, frisou Rangel, destacando que esta é também a posição de Portugal e da União Europeia, que se mantêm comprometidos com o apoio à Ucrânia.