PCP demarca-se de deputado municipal que foi às eleições russas em Donetsk como observador
Manuel Pires da Rocha, membro da Assembleia Municipal de Coimbra pelo PCP, diz ter-se deslocado aos territórios para garantir "contradição naquilo que se ouve" no Ocidente sobre a Rússia.
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O Partido Comunista Português demarcou-se este domingo da presença e declarações de Manuel Pires da Rocha, deputado municipal pelo partido em Coimbra, como observador nas eleições regionais russas que se estenderam aos territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexados por Moscovo.
Em declarações a meios de comunicação locais, Pires da Rocha declarou ter testemunhado um ato eleitoral que decorre "numa atmosfera de grande liberdade".
"Nós sabemos pouco sobre o que se está a passar aqui porque o padrão da maior parte da informação em massa é dizer mal da Rússia. Não estamos aqui para apoiar nada a não ser a verdade, a Rússia não nos pediu nada", garantiu o deputado conimbricense, que assegurou que o próprio e os outros observadores têm liberdade para dizer o que quiserem "sobre o que se está a passar".
"O nosso olhar é importante para haver contradição naquilo que se ouve e para que as pessoas no Ocidente possam assim escolher. De outra forma não podem escolher, só aceitar aquilo que lhes é dito", defendeu.
Questionado pela TSF sobre se foi convidado pela Rússia para marcar presença nestas eleições, o PCP garantiu numa curta nota escrita que "a presença de Pires da Rocha no Donbass é totalmente alheia a qualquer decisão do PCP e as suas declarações só responsabilizam o próprio".
A comissão eleitoral central da Rússia indicou hoje que o partido Rússia Unida, do Presidente Vladimir Putin, venceu por confortável maioria as eleições regionais nos quatro territórios anexados por Moscovo na Ucrânia.
As comissões eleitorais impostas por Moscovo em Lugansk, Donetsk, Zaporijia e Kherson, num escrutínio destinado a legitimar politicamente a anexação, indiciaram que cinco partidos com representação no Parlamento russo apresentaram candidatos às assembleias locais, com o partido de Putin a surgir destacado de acordo com os resultados preliminares.
Em Zaporijia, o partido do Kremlin obteve 83,96% dos votos com cerca de 60% dos boletins escrutinados. Em Kherson a Rússia Unida aproximava-se dos 87% dos votos, enquanto em Donetsk liderava com 79.56%.
Em Lugansk, a única região do leste da Ucrânia que a Rússia controla na quase totalidade, o Rússia Unida estava creditado com 74,72% com quase 54% dos votos contados.
A Comissão eleitoral central assegurou que a taxa de participação nas quatro províncias anexadas foi mais elevada que em outros territórios da Rússia, atingindo mais de 74% dos eleitores inscritos.
Na Rússia realizam-se este domingo eleições diretas para governadores de 21 províncias, com 20 a elegerem deputados regionais e 17 a designarem deputados municipais.
Os Estados Unidos e a Ucrânia advertiram que os resultados destas "eleições" são pré-fabricados e à semelhança da generalidade dos países ocidentais e aliados (Canadá e Japão), da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Conselho da Europa, asseguraram que não vão reconhecer estas eleições "ilegais".
As eleições locais e regionais terminaram na Rússia às 18h00 (hora de Lisboa) após três dias de votação, mas nas regiões anexadas e onde o voto antecipado se iniciou há uma semana, as assembleias de voto encerraram cinco horas antes "por motivos de segurança".
As assembleias legislativas eleitas nas regiões anexadas -- onde as populações já possuem passaporte russo - terão 45 dias para eleger os governadores, apesar de os atuais líderes interinos merecerem o apoio do Presidente russo: Denis Pushilin em Donetsk, Leonid Pasechnik en Lugansk, Yevgeni Balitski e, Zaporijia e Vladimir Saldo em Kherson.