Nuno Melo acusa PCP e BE de alinharem com o regime de Nicolás Maduro. Paulo Rangel e Francisco Assis defendem, no Fórum TSF, que ultimato para que sejam convocadas eleições é "aceitável." Portugueses que residem no país temem "uma nova guerra fria".
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Numa altura em que Portugal se juntou aos vários países da União Europeia num ultimato a Nicolás Maduro, o eurodeputado Nuno Melo é crítico em relação ao Governo, no geral, e ao PCP e ao Bloco de Esquerda, em particular.
Sobre o Executivo, o eurodeputado do CDS afirma que atuou tarde. Já quanto ao PCP e BE, as críticas são mais duras. No Fórum TSF desta segunda-feira, Nuno Melo considera que "defendem um regime ditatorial, o que significa que, se pudessem, em Portugal, não teriam qualquer problema em conviver ou até promover um regime assim". Algo que o eurodeputado diz ser "muito expressivo, pois são partidos que têm deputados e que vão a votos".
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Ultimato "é a única posição aceitável"
Do lado do PS, silêncio em relação ao PCP e ao BE, mas não em relação à posição assumida por Portugal. "O ultimato é a única posição aceitável" e está alinhada com as posições da Europa, refere o socialista Francisco Assis.
"A Europa não está agora a descobrir a tragédia venezuelana. Ao longo dos anos, tomou várias posições nesse sentido." Só nesta legislatura, sublinha, o Parlamento Europeu aprovou, por larga maioria, seis resoluções em relação ao regime de Nicolás Maduro: "Apelou ao respeito pelas regras democráticas, com a plena consciência de que não estavam a ser cumpridas. De resolução para resolução, o tom foi-se tornando cada vez mais duro e exigente."
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Já o eurodeputado do PSD Paulo Rangel olha para a crise de outro ângulo. "Já não estamos perante uma situação de regime ou de mudança de regime. Estamos perante uma emergência humanitária, com questões que têm a ver com um fluxo de refugiados, no mínimo, de três milhões. Na Europa foi o que foi com o movimento de um milhão de pessoas. Agora, estamos a falar num movimento de três milhões", enfatiza, lembrando como o problema afeta imensos portugueses ou lusodescendentes no país.
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Caracas acordou com "calma tensa"
Esta segunda-feira, Caracas acordou com "uma calma tensa", segundo Fernando Campos, um português a viver na capital venezuelana, mas pode ser por pouco tempo. Há receios de "uma nova guerra fria", desabafou à TSF, acrescentando: "Pode acontecer uma radicalização da parte do Nicolás Maduro e isso traz consequências que são imprevisíveis."
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Para já, aguarda-se que expire o prazo de oito dias dado a Nicolás Maduro para que convoque eleições.
"Se assim não suceder, a União Europeia reconhecerá o autoproclamado Presidente da República, que é o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e que é, neste momento, o único órgão de soberania venezuelano que dispõe da devida legitimidade democrática. Esta Assembleia Nacional, esta sim, foi eleita em condições de participação livre e democrática dos cidadãos venezuelanos", remata Francisco Assis.