O resultado das regionais de domingo de Espanha inverteu o mapa anterior, dominado pelo PSOE.
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O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, anunciou esta segunda-feira a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições legislativas nacionais para 23 de julho, na sequência da derrota dos socialistas, que lidera, nas regionais e municipais de domingo.
As eleições estavam previstas para dezembro, mas os resultados desta das eleições regionais e locais de domingo precipitaram a decisão inesperada, uma vez que Sánchez sempre insistiu em que queria levar a legislatura até ao fim.
"Comuniquei ao chefe de Estado a convocatória de um conselho de ministros extraordinário esta mesma tarde para dissolver as cortes e proceder à convocatória das eleições legislativas, no uso da prorrogativa que a constituição atribui ao presidente de governo. A convocatória das eleições vai aparecer publicada amanhã, terça-feira, no boletim oficial do Estado, pelo que as eleições seriam no domingo 23 de julho", anunciou o primeiro-ministro espanhol esta segunda-feira.
"Ainda que as votações de ontem tinham alcance municipal e autonómico, o sentido do voto traslada uma mensagem que vai além disso. Por isso, assumo em primeira pessoa os resultados como presidente de governo e secretário-geral do partido socialista e acho necessário dar uma resposta e submeter o nosso mandato democrático à vontade popular".
No domingo, o mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais, que o PP ganhou, reivindicando o início de um "novo ciclo político" no país.
O PSOE liderava os executivos regionais de nove das 12 regiões autónomas que tiveram eleições no domingo e perdeu mais de metade, conservando apenas quatro: Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra.
Já o PP, que só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia), poderá ficar a liderar oito, a que se juntam Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.
Como não venceu com maioria absoluta em todas as regiões, o PP vai depender em alguns casos do apoio do VOX (extrema-direita) para conseguir governar, como é o caso da Extremadura, Aragão ou Baleares.
O VOX entrou pela primeira vez num governo em Espanha em 2022, em Castela e Leão, coligado com o PP.
Nas eleições municipais, que se realizaram em todo o país, o PP foi também o partido globalmente mais votado, conseguiu uma maioria absoluta na capital espanhola, Madrid, e conquistou à esquerda grandes cidades, como Sevilha e Valência.
Tal como em algumas regiões, o PP também vai depender do VOX para governar municípios em que ganhou no domingo.
"Espanha iniciou um novo ciclo político", disse já na madrugada de hoje o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, o antigo presidente do governo regional da Galiza que foi eleito líder do partido há pouco mais de um ano e teve no domingo o seu primeiro teste eleitoral.
Quem também reivindicou vitória foi o VOX, tanto nas regionais, onde aumentou a representação nos parlamentos autonómicos, como nas municipais, onde alcançou 7,19% dos votos globais (tinha tido 3,56% nas autárquicas anteriores).
Para o líder do partido da extrema-direita, Santiago Abascal, no domingo, o VOX "consolidou-se como projeto nacional" e como partido "absolutamente necessário" para construir uma alternativa à esquerda em Espanha.
Líderes regionais dos socialistas admitiram a derrota e falaram num "tsunami" que atingiu o PSOE por todo o território.