O primeiro-ministro espanhol anunciou um plano de 10.471 milhões de euros adicionais para dinamizar a indústria de defesa e segurança do país
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Espanha vai aumentar o gasto em Defesa para 2% do PIB já este ano. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, esta manhã, com um plano de 10.471 milhões adicionais para alcançar o total de 33.123 milhões necessários que, promete, não vai retirar fundos às políticas sociais.
“Os objetivos são reforçar a nossa segurança e a nossa defesa, reindustrializar e dar um novo impulso tecnológico à nossa economia, cumprir com os nossos compromissos e também consolidar a Espanha como um ator central na União Europeia”, disse Sánchez.
O plano apresentado divide-se em cinco pilares. Cerca de 35% do Orçamento será dedicado a melhorar as condições dos militares, que “serão homologadas às dos seus colegas europeus”, 31% vai destinar-se a melhorar a indústria de telecomunicações e cibersegurança, “uma vez que Espanha é alvo, todos os anos de mais de mil ciberataques para os quais é preciso criar um escudo digital”. Em terceiro lugar, com 17% do financiamento, está a compra de equipamento de defesa e dissuasão, “nunca para atacar, porque Espanha é pacifista, mas sim para dissuadir os que pensam atacar Espanha e Europa”. Em quarto lugar, está uma tranche dedicada a impulsionar a resposta perante emergências e desastres naturais e, por último, aumentar segurança das missões dos soldados espanhóis no estrangeiro.
Pedro Sánchez reconheceu que há uns anos “jamais teria pensado que uma das prioridades do meu Governo seria a defesa e a segurança”, mas sublinhou que esta decisão não se trata de uma “mudança nos valores do Executivo”, mas sim “de uma mudança na conjuntura internacional”.
“Nós não escolhemos o mundo em que vivemos”, frisou. “E, ainda assim, menos de uma quinta parte do plano vai ser destinada à compra de armamento no sentido mais tradicional do termo e vai ser feita porque é necessário, porque ainda que não gostemos disso, há inimigos estatais e não estatais a quem só podemos dissuadir assim”.
O plano foi aprovado esta manhã em Conselho de Ministros e Pedro Sánchez insistiu em que não será financiado “à custa da diminuição do investimento em políticas sociais ou com o aumento de impostos”.
“A maior parte do financiamento de 2025 vai proceder da reorientação de algumas tranches do plano de recuperação, transformação e resiliência, dos fundos Next Generation, das poupanças realizadas pela gestão rigorosa deste Governo e da margem que nos dão algumas linhas incluídas no orçamento de 2023 e que, evidentemente, já não são precisas”, explicou.
Pedro Sánchez frisou ainda que, com este plano, o Governo prevê criar mais de cem mil empregos e que o PIB espanhol possa crescer entre 0,4 e 0,7%.
Falta de apoios
O primeiro-ministro espanhol anunciou que vai comparecer no Congresso dos Deputados para apresentar o plano de Defesa, mas deixou claro que se trata de uma redistribuição do Orçamento, pelo que não é necessária a aprovação do Parlamento. Pedro Sánchez esquiva assim a votação parlamentar onde seria muito difícil chegar a acordo com todas as forças políticas necessárias para aprovar o plano.
O próprio sócio de coligação do Governo, o Sumar, deixou clara a sua oposição ao documento. Ainda que Pedro Sánchez tenha falado em “pequenas discrepâncias, resolvidas com o diálogo”, o Sumar fala de um “gasto desproporcionado e incoerente”.
Já o Partido Popular, principal força da oposição, disse que Sánchez volta a “atuar pelas costas dos espanhóis, por sua conta e risco” por ter a intenção de aprovar o plano sem passar pelo Parlamento. “Trata-se de outro tic autoritário numa deriva que não tem fim”, disse a secretaria geral do PP, Cuca Gamarra.
