"Pensamos que resolvemos problemas ao expulsar árabes e verdes." Franceses saem à rua contra chegada da extrema-direita ao poder
Enquanto participava no protesto, Elio, de 18 anos, disse à TSF: "Estamos aqui para mostrar que não esquecemos quem são estas pessoas [políticos da União Nacional] nem os projectos macabros que defendem"
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Os franceses manifestaram-se este sábado em todo o país contra a subida da extrema-direita. O apelo à mobilização foi dado por cinco confederações sindicais e associações, bem como pela Frente Popular, para que os franceses se manifestem durante o fim de semana para travar a chegada de uma maioria de extrema-direita à Assembleia Nacional. O Presidente da República francês, Emmanuel Macron, convocou eleições legislativas antecipadas para os dias 30 de junho e 7 de julho.
Em Paris o cortejo saiu da praça da República em direção à praça da Nação com milhares de pessoas de todas as idades. O cortejo parisiense contou 250 mil manifestantes, segundo dados da central sindical CGT, e 75 mil, consoante os números divulgados pela polícia.
A mobilização parisiense juntou famílias, reformados e sobretudo jovens que temem pela privação de liberdades no futuro. Entre os manifestantes, Elio, de 18 anos, votou pela primeira vez nas eleições europeias. "Faço parte dos jovens que refutam o projecto da União Nacional porque não nos podemos esquecer que este partido foi fundado pelos SS, a organização paramilitar que apoiou o regime de Adolf Hitler, pessoas perigosas e cuja ideologia ainda resiste. Esta é uma ideologia racista, uma ideologia xenófoba e nós, jovens, estamos aqui para mostrar que temos este dever de memória e não esquecemos quem são estas pessoas nem os projectos macabros que defendem", descreveu o jovem eleitor.
Os manifestantes marcharam contra o medo da chegada da extrema-direita ao poder. Elio diz ter esperança na mudança até dia 30, data da primeira volta das eleições legislativas. "Não tenho medo quando vejo as pessoas que se manifestam aqui ao meu lado, penso que ainda há esperança. Espero que as pessoas acordem e que os eleitores se expressem contra o partido de Emmanuel Macron, que destrói os mais pobres, e contra o partido da extrema-direita que nos destrói a todos. Acredito que as pessoas vão ser corajosas no dia 30", concluiu.
Entre os manifestantes, está Dominique, um reformado descontente com a subida da extrema-direita. "Numa sociedade como a nossa, pensamos que somos capazes de resolver os problemas ao expulsar árabes, pretos, verdes, amarelos... Não, isso não existe, não resolve o problema. Esta manhã vi uma entrevista a uma padeira, em Nice, que se queixava do negócio, mas não é Jordan Bardella que vai melhorar as coisas e dar-nos mais poder de compra. Não é ao experimentamos novas marionetas políticas que os problemas se vão resolver", descreveu Dominique.
Em Paris, Marselha, Lyon, mas também em Bayonne, Toulon, Toulouse ou Nancy, milhares de franceses descontentes com os resultados das eleições europeias, que deram vitória ao partido da União Nacional, saíram para as ruas contra o crescimento da extrema-direita na França.
