No Dia da Amazónia, a TSF ouviu o relato de um jornalista brasileiro que acompanhou na primeira pessoa a tragédia no "pulmão do mundo".
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André Borges é jornalista. Trabalha para o jornal O Estado de S. Paulo (conhecido por "Estadão"). Durante dez dias, percorreu 2.000 quilómetros da Amazónia para fazer um retrato da tragédia que tomou conta da maior floresta do mundo.
No regresso, e depois das reportagens que foi assinando, publicou uma espécie de diário de viagem, a que deu o titulo "A floresta passou a fazer parte de nós".
Neste data, em que o Brasil assinala o Dia da Amazónia, a TSF ouviu as palavras do jornalista sobre o novo livro, o que viu na Amazónia e como encara o futuro do chamado "pulmão do mundo".
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"O que a gente vê é um incêndio criminoso e deve ser denunciado", declarou André Borges. "Se há casos isolados de vandalismo, de pessoas que estão ateando fogo na floresta, isso é uma fração mínima"
"O que está a acontecer na Amazónia são pessoas que estão a expandir áreas de pastagem para gado e para plantação", apontou o jornalista brasileiro, que afirma ter apanhado fazendeiros a atear fogo às suas próprias propriedades.
André Borges considera, no entanto, que, entre o inferno que se abateu sobre a Amazónia, surgiu algo de bom: a consciência do problema.
"Se há um lado bom nesta situação toda, é o mundo ter sinalizado que o Brasil tem de ter outra conduta nesta área ambiental. É o que a gente espera que aconteça nos próximos dias: que esse debate tenha um pouco mais de bom senso e entendimento, do que meramente troca de acusações", sublinhou.
Esta quinta-feira, o Senado brasileiro assinou um acordo com o Supremo Tribunal Federal para atribuir quase 250 milhões de dólares recuperados da investigação da Lava Jato a um fundo de proteção da Amazónia.
A decisão acontece um dia antes da cimeira que, esta sexta-feira, vai juntar pelo menos quatro países da América do Sul na Colômbia e apelar à comunidade internacional para a proteção da floresta.
O último mês foi o pior para a Amazónia em quase uma década, com o número de incêndios na região a triplicar em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).