Até há poucas semanas era mayor. Hoje, luta para ser Presidente dos EUA. Os resultados parciais já o colocam à frente nas eleições primárias no Iowa.
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Há poucas semanas, Pete Buttigieg, de 38 anos, era mayor de South Bend, uma cidade do estado do Indiana com pouco mais de 100 mil habitantes. Ocupou o cargo durante oito anos, completando dois mandatos consecutivos, e tornou-se no mais jovem presidente da câmara da cidade. Como o que lhe falta em idade sobra-lhe em ambição, não se quer ficar por aqui. Agora é o mais jovem candidato à luta contra Donald Trump, que, em novembro, concorre à reeleição para a presidência do país.
O estado do Iowa abriu-lhe o caminho para esse objetivo esta quarta-feira, com os resultados parciais das eleições primárias a colocarem-no na frente. Esta manhã tinham sido contabilizados 62% dos votos, depois de várias horas de atraso na divulgação dos resultados, e Pete Buttigieg lidera a corrida no Partido Democrático, seguido de Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Joe Biden.
"Que noite! Esta noite, uma esperança improvável tornou-se uma realidade inegável. Não conhecemos todos os resultados, mas sabemos, neste momento, que o Iowa chocou a nação. Porque, ao que tudo indica, vamos para New Hampshire vitoriosos", disse Pete Buttigieg, na segunda-feira, logo após as primárias democratas de segunda-feira.
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O sucesso do candidato começou a adivinhar-se ainda no ano passado. Poucas horas depois de ter entrado na corrida à Casa Branca já estava perto do topo nas intenções de voto. Daí a ser referido como "menino maravilha" e "a esperança dos democratas" pelos jornais, revistas e programas de televisão norte-americanos não foi preciso muito.
A orientar a campanha tem princípios como a liberdade, segurança e democracia. Entre as ideias que defende e promete está a saúde para todos, justiça racial, igualdade de género, direitos da comunidade LGBT, cibersegurança, combate às alterações climáticas, acolhimento de refugiados, combate aos supremacistas brancos, mudança do sistema eleitoral e independência judicial. Só ainda não se sabe bem como planeia pô-las em prática.
De onde vem Pete Buttigieg?
Formado em Harvard e Oxford, o democrata foi oficial de informações navais na Reserva da Marinha dos EUA, entre 2009 e 2017, e trabalhou como consultor na McKinsey, durante três anos. Entretanto, esteve também três meses destacado no Afeganistão, uma missão que lhe valeu uma medalha de louvor.
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Ao todo sabe falar sete línguas, incluindo norueguês, maltês, farsi, árabe, espanhol e língua gestual, algo que já lhe valeu alguns novos apoiantes depois de ter respondido à mensagem de um eleitor surdo no Twitter. Na altura, a atriz Marlee Matlin lembrou que era a primeira vez que um candidato à presidência dos EUA o fazia.
A sua primeira incursão na política norte-americana aconteceu no início de 2017 quando, sem sucesso, concorreu à presidência do Comité Nacional Democrata.
O que diferencia Buttigieg dos restantes candidatos?
Além de ser o mais jovem candidato à presidência dos EUA, Pete Buttigieg estreia-se também como o primeiro assumidamente gay e não esconde a ambição de dar o grande salto, diretamente da câmara de uma pequena cidade para a Casa Branca.
"Sou, definitivamente, o único canhoto-americano-maltês-episcopal-gay-millennial-veterano de guerra na corrida", afirmou o próprio, citado pelo The New York Times.
Há dois anos casou-se com Chasten Glezman, um professor do Michigan, que o costuma acompanhar em eventos por todo o país. Em maio do ano passado foram capa da revista Time.
A comparação com Obama
Um conselheiro de Pete Buttigieg, Lis Smith, já chegou mesmo a colocar o ex-mayor na mesma liga que Barack Obama, definindo-o como um político puro.
"Há pessoas na política com as quais é perigoso compararmo-nos. O Barack Obama é um deles, mas não acho errado dizer que o Pete traz um talento natural para isto que faz lembrar o que Obama tinha", explicou Lis Smith no sábado.
No entanto, o conselheiro sublinhou que Buttigieg tem "talentos completamente diferentes", principalmente porque não se importa em dar entrevistas a órgãos de comunicação social.
"Todos sabem que essa não era uma das partes favoritas de Barack Obama no seu trabalho", acrescentou Lis Smith à Bloomberg.
A comparação com Obama foi ousada. Muitos democratas não têm tido dúvidas em afirmar, nos últimos anos, que o ex-Presidente foi um dos melhores políticos das últimas décadas, juntamente com Bill Clinton.
Será que Pete Buttigieg está no mesmo patamar? Saberemos no final deste ano. Para já, o candidato democrata assemelha-se a Obama pelos apelos explícitos que tem feito aos eleitores do Iowa, entre os quais se destaca este: façam história escolhendo um candidato assumidamente gay.