“Pior do que o pós-11 de Setembro." Como a guerra em Gaza pode influenciar as eleições nos EUA
A comunidade árabe e muçulmana critica o apoio da administração de Joe Biden, pelo apoio a Israel. A maioria “não vai votar” ou opta pelo “voto de protesto”
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Rima Mohammad é professora universitária na Universidade do Michigan, o estado com a maior concentração de árabes e muçulmanos nos EUA.
Americana e palestiniana, sempre votou no Partido Democrata, mas a guerra em Gaza mudou tudo no último ano. Deixou de se sentir segura, com os palestinianos a serem “desumanizados”. “As pessoas estão a perder os empregos, a serem expulsas de comícios por serem identificadas como muçulmanas. Recentemente, um estudante foi chamado de terrorista por um conselheiro da escola”, relata em declarações à TSF.
O racismo e a discriminação contra a comunidade árabe e muçulmana é maior (nesta altura) do que aquilo que aconteceu depois do 11 de Setembro
Rima foi uma das duas delegadas que o movimento Uncommitted conseguiu levar à convenção democrata, no passado mês de Agosto. Um movimento de protesto contra a guerra em Gaza, que defende um cessar fogo e o embargo de armas a Israel. No entanto, a comunidade árabe e muçulmana não conseguiu qualquer compromisso por parte de Kamala Harris. A candidata democrata “não está a dar nada. É difícil convencer os eleitores muçulmanos e árabes que Trump vai ser pior, no que toca a Gaza, porque nada pode ser pior do que genocídio”, afirma.
A palestiniana adverte que a maioria dos eleitores árabes e muçulmanos no Michigan não vai votar nas eleições presidenciais, mas muitos pretendem também “vai votar por um terceiro partido. Não porque acreditem que Jill Stein pode ganhar, mas como um voto de protesto”.
Rima, que sempre votou pelos democratas e que habitualmente vota por antecipação, desta vez ainda não submeteu o boletim de voto. Continua a aguardar por um sinal de Kamala Harris. Assume que “tem sido uma luta (…). Acontecer isto na administração Biden, foi uma grande bofetada e isso é o mais difícil de engolir”.
O estado do Michigan tem a maior concentração de árabes e muçulmanos do país. São cerca de 400 mil pessoas, em particular na região metropolitana de Detroit. E são votos que podem fazer a diferença, num estado em que, há quatro anos, Joe Biden ganhou por cerca de 155 mil votos.