Presidenciais francesas: "Podemos encontrar uma pérola. É uma surpresa, como as eleições"
A TSF foi, esta manhã, a um mercado de rua, em Paris, para ouvir os eleitores.
Corpo do artigo
A menos de 24 horas da abertura das urnas para a segunda volta das presidenciais em França, e com as sondagens a colocarem Emmanuel Macron na dianteira, há quem ainda olhe para o resultado de amanhã como "uma surpresa", numa segunda volta que acaba por repetir os candidatos de há cinco anos.
Akim é um vendedor de frutas no mercado que aos sábados junta centenas de pessoas na Calçada Edgar Quinet, em Montparnasse. "É a 4,95 a Lambada, e a cinco as 'barquettes' e a 6,95 a rubi". O vendedor grita o preço das pequenas embalagens de morangos, enquanto atende a primeira cliente de uma fila que entretanto se formou.
TSF\audio\2022\04\noticias\23\19_joao_francisco_guerreiro_macron_vs_le_pen_certezas_e_duvidas_paris
Sobre as eleições deste domingo, espera mais do mesmo: "Como há cinco anos, com o mesmo resultado", expressando o desejo de uma vitória de Emmanuel Macron. "Será melhor para todos. Para as pessoas e para a França."
"Nada preocupado" com a tendência de subida que Marine Le Pen tem alcançado ao longo dos anos, este francês, com origens na Argélia, afirma que a candidata da União Nacional terá a mesma experiência de anos anteriores.
"De cinco em cinco anos ela aparece, e depois volta à casa da partida, como todos os cinco anos, e é só", afirma, garantindo que amanhã dará o seu voto ao candidato da República Em Marcha.
Mas há quem não se identifique com qualquer um dos candidatos, "nem com Macron, nem com Le Pen". É o caso de Dupont, um reformado que não irá votar "nem por um nem por outro". "Eu vou abster-me", afirmou à TSF.
Em 2017, a taxa de abstenção rondou os 25,4%, e calcula-se que, em 2022, venha a rondar os mesmos valores, depois de ter baixado ligeiramente na primeira volta. Os votos brancos ou nulos mantêm uma tendência elevada. São, em muitos casos, a opção dos indecisos e admite-se que possam voltar a ficar acima dos 900 mil, como há cinco anos.
Entre Montalegre e Paris
Atrás do balcão da charcutaria neste mercado de rua, Maria de Fátima, uma portuguesa que nasceu em França, mas considera-se Transmontana, por ter vivido "em Montalegre, entre Chaves e Braga" onde tem parte da família. Regressou a Paris há 20 anos. É eleitora nesta cidade e garante que vai votar este domingo. "Eu vou. Ainda não sei em quem votar, mas vou. Vamos ver", afirma.
Na bancada ao lado, Guendoline arranja uma caixa de ostras para um cliente. Com ironia, prefere não arriscar um prognóstico sobre o resultado eleitoral, numa altura em que as mais recentes sondagens colocam Emmanuel Macron na dianteira, com pelo menos 10 pontos percentuais de diferença sobre Marine Le Pen.
Há até uma avaliação do gabinete Ipsos-Sopra Steria, publicada no jornal le Parisien, que dá como garantida uma vitória de Macron com 57% de votos, contra 43% de Marine Le Pen. A confirmar-se este resultado, a diferença entre ambos chegaria aos 15 pontos.
Pérolas
Mas, aquilo que é certo para uns, mantém-se uma incógnita para outros. "E nunca se sabe", afirma, fazendo uma comparação com as ostras que continuou a abrir durante a breve conversa com a TSF. "Podemos encontrar uma pérola." Mesmo? "Sim, verdadeira. No ano passado, o cliente para quem estou a arranjar estas ostras encontrou uma pérola", garantiu com boa disposição. "Por isso, nunca sabemos."
Este domingo, a vendedora ambulante "volta à estrada" para levar ostras frescas a outra cidade. "Não estarei cá, mas vou votar por procuração. Já entreguei a procuração a um amigo que vai votar por mim", afirma disposta a contribuir para o desfecho eleitoral. Mas, "é sempre uma surpresa", atira uma cliente.
