Pablo Iglesias qualificou o acordo entre PSOE e Cidadãos, que não soma votos suficientes para investir o socialista, "um pacto à medida das oligarquias".
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O líder do Podemos reiterou esta quarta-feira que vai votar "Não" na investidura do socialista Pedro Sánchez, apontando "muitas falhas" e omissões no acordo assinado entre PSOE e Cidadãos, considerando-o incompatível com a sua visão de mudança em Espanha.
Pablo Iglesias, na sua primeira intervenção na sessão de investidura de Pedro Sánchez, qualificou o acordo entre PSOE e Cidadãos (que não soma votos suficientes para que o socialista seja eleito) como "um pacto à medida das oligarquias".
"O pacto que assinaram consolida as políticas do governo do senhor Rajoy. (...) Se calhar, por causa dos economistas que o prepararam. Um deles trabalhou para a PriceWaterhouseCooper. (...). Se me permite, senhor Sánchez, da próxima vez mandem um socialista falar de economia", atirou Iglesias, que enumerou as várias medidas em que considera o acordo PSOE-Cidadãos aquém do que Espanha precisa.
Sobre o líder do Cidadãos, Albert Rivera, Iglesias descreveu-o como "uma marioneta dos poderosos", que tanto vota hoje com o PSOE como nos dias seguintes "se prepara para levar os seus votos ao PP".
No entanto, o líder do Podemos também sublinhou que "se há hoje aqui um vencedor é o senhor Rivera, à custa de Pedro Sánchez".
"Deixe de obedecer aos oligarcas, senhor Sánchez, deixe de escutar os cantos que o levam ao naufrágio. (...) Cuidado com a Laranja Mecânica", acrescentou o líder do Podemos, numa referência à cor do símbolo do Cidadãos.
Sobre as deficiências no acordo de investidura PSOE-Cidadãos - que inviabilizou um acordo de coligação entre os socialistas, Podemos e Izquierda Unida - Pablo Iglesias apontou a falta de ambição na fiscalidade (não indo tão longe na coleta às empresas) ou a ausência de uma proibição expressa aos despejos forçados sem alternativa de habitação, entre outras.
Iglesias considerou que tal se deveu à astúcia do Cidadãos e a uma capitulação do PSOE.
"O seu acordo não protege os trabalhadores. (...) Não estranhe, senhor Sánchez, que um dia tenha de tirar o 'S' e o 'O' da sua sigla", disse Iglesias ao líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
Sobre o PP de Mariano Rajoy, qualificou-o abertamente "como um partido corrupto", que passou várias semanas "a alertar nas instâncias internacionais sobre os riscos de o Podemos chegar a um governo" em Espanha.
Sem a abstenção do Podemos numa segunda votação (na qual apenas precisa de maioria simples), Pedro Sánchez não terá possibilidades de ser eleito Presidente do Governo (uma vez que o PP já disse que votaria Não).