Sindicatos da Guarda Civil e da Polícia espanhóis querem que a justiça investigue as circunstâncias que levaram o Ministério do Interior a informar sobre detenções de várias pessoas ligadas a presos da ETA, horas antes de acontecerem.
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Em causa está uma operação que decorreu no País Basco e Navarra e que se saldou com a detenção de oito pessoas, incluindo uma conhecida advogada de presos da ETA.
A operação estava inicialmente prevista para as 17:00 mas duas horas antes (15:00 hora de Madrid, menos uma hora em Lisboa) o Ministério do Interior remeteu às redações um comunicado em que informava da detenção de várias pessoas no País Basco.
Menos de quarenta minutos depois, quando a noticia já circulava por toda a imprensa espanhola, a agência de notícias Efe anulou a sua notícia original, baseada no comunicado, «a pedido da fonte informante, o Ministério do Interior».
O caso tem suscitado comparações com o polémico processo Faisán, de 2006, quando o dono do bar com esse nome em Irún (Guipuzcoa) foi 'informado' de que as autoridades pretendiam realizar ali uma rusga para deter responsáveis por extorsões a empresários locais, feitas em nome da ETA.
A Audiência Nacional condenou em outubro do ano passado o ex-chefe superior da Polícia no País Basco, Enrique Pamiés e o inspetor da Policía José María Ballesteros a um ano e meio de prisão pelo caso.
Reagindo ao caso de quarta-feira a União de Guardas Civis (UGC) considerou "um erro monumental" a antecipação pelo Ministério do Interior, antes das detenções ocorrerem, o que levou à perda de provas fundamentais como 'pendrives', discos rígidos e documentação em papel.
Santiago López, porta-voz da UGC, lamenta que só tenham ocorrido um terço das detenções previstas já que se perdeu o efeito de surpresa e, por isso, pede que o juiz da Audiência Nacional Eloy Velasco, que ordenou a operação, investigue a atuação do Governo.
Posição ecoada pelo Sindicato Unificado da Polícia (SUP) que pediu uma investigação urgente ao tribunal.
Também o Governo basco manifestou surpresa pela "confusa" operação policial, tanto devido à confusão sobre a informação divulgada como pelo momento em que ocorreu quando, refere em comunicado, "se vive um novo tempo" no País Basco.