Parecem seis anos, mas passaram apenas seis meses desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente da República.
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No plano político, o período ficou marcado pela pressão recente sobre o ministro Sérgio Moro, gravado a agir de forma parcial no julgamento de Lula, e sobre o ministro do turismo, envolvido num caso de corrupção, além da demissão, já consumada, de três ministros, dois dos quais após conflitos nas redes sociais com Carlos Bolsonaro, o segundo filho do presidente.
Outro filho, o senador Flávio Bolsonaro, é entretanto protagonista do escândalo mais desconfortável para o governo: terá desviado os salários dos seus assessores para a conta de um outro assessor, Fabrício Queiroz, com ligações às milícias, organizações criminosas por trás da execução, por exemplo, de Marielle Franco.
Os filhos de Bolsonaro e o ideólogo da sua campanha, Olavo de Carvalho, aliás, estão envolvidos numa guerra, sem quartel, com a ala militar do governo.
Bolsonaro vem governando à base de decretos - mais de um por dia, número só inferior ao governo de Collor de Mello - ou seja à revelia do Congresso, com quem mantém relação de conflito permanente.
A reforma da previdência, seu principal desígnio económico e político, vai sendo adiada por causa desse conflito. Para encostar o Congresso à parede, o presidente até patrocinou manifestações a seu favor, com relativo sucesso, embora as sondagens mais recentes apontem a erosão da sua base popular - de 11% de rejeição em janeiro passou a 32% em junho.
A maioria dos cientistas políticos e outros observadores, por outro lado, destaca a ausência de políticas capazes de inverter a contração do PIB e o aumento do desemprego.
Bolsonaro vem emprestando energia a temas considerados como obsessões pessoais, como a flexibilização da posse de armas - já editou sete decretos nesse sentido - o abrandamento das leis de trânsito - ele e a sua família estão perto do limite de multas - o ataque às bananas do Equador - porque a região onde nasceu é produtora de bananas - e até ao carnaval - cujos festejos incomodaram a poderosa ala evangélica do seu governo.