Polícia blinda localidade murciana de Torre Pacheco, na quarta noite de “caça ao imigrante"
PSOE e Podemos denunciam o líder do Vox de Múrcia por incitar ao ódio
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Há quatro noites que Torre Pacheco não dorme. Desde que a agressão a Domingo, um homem de 68 anos, foi tornada pública, a localidade é um barril de pólvora. O ataque foi cometido por três jovens de origem magrebino, entretanto já detidos, e que nem sequer viviam no município.
Após a agressão, vários grupos de extrema-direita começaram a organizar-se nas redes sociais e a dirigir-se para o município para fazerem justiça pelas próprias mãos, naquilo que o ministro espanhol da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska, já chamou “caça ao imigrante”.
Encapuçados, armados com paus e barras de ferro, percorreram as ruas em massa para agredirem imigrantes de origem magrebino que vivem na região, muitos dos quais até já nasceram no país.
O Partido Socialista e o Podemos denunciaram o líder do Vox de Múrcia, José Ángel Antelo, ao Ministério Público por um delito de ódio. Este fim de semana, o político culpou a imigração ilegal do aumento da insegurança na região.
“Avisámos que os espanhóis se iam cansar de pagar esta imigração ilegal que, em muitos casos, é a mesma que agride os nossos idosos na rua, a mesma que agride os homossexuais nas ruas, a mesma que viola as nossas filhas na rua. Não queremos gente assim. Vamos deportá-los a todos, não vai ficar nem um”, disse Antelo.
Na resposta, Isabel Gadea, porta-voz do PSOE em Múrcia, acusou-o de “atiçar o ódio com mentiras e boatos”, naquele que é “um comportamento alarmante e indigno de um representante público”.
Para já foram detidas dez pessoas. O dispositivo policial foi reforçado e atualmente há 75 agentes mobilizados, uma vez que já estão convocadas novas manifestações de extrema-direita para os próximos dias. Além dos agentes presentes no local, a polícia vigia constantemente as redes sociais para identificar e prender as pessoas responsáveis pela organização do movimento e que estejam a encorajar as agressões e os delitos.
A delegada do governo em Múrcia, Mariola Guevara, lembrou que “as mensagens de ódio” e a “incitação à violência” são crimes puníveis e que comportamentos como “os comentários xenófobos que encorajam as agressões não são permitidos numa democracia”. “Por isso”, afirmou, “vamos ser contundentes”.
