Apelo surge no mesmo dia em que o gabinete de crise do governo britânico está reunido de emergência para coordenar uma resposta ao incidente.
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A polícia britânica, que está a investigar o alegado envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, lançou um apelo para que quem tenha informações relacionadas com a situação se dirija às autoridades.
Skripal, recorde-se, foi encontrado inconsciente, junto a uma mulher de 30 anos, no chão de um centro comercial em Salisbury, no passado domingo. A mulher foi identificada como sendo sua filha, Yulia Skripal, de 33 anos. Os dois continuam em estado crítico e permanecem nos cuidados intensivos, depois de expostos a uma substância ainda desconhecida.
Segundo a polícia britânica, pai e filha estiveram no centro da cidade desde as 13h30 de domingo, quase três horas antes do colapso no centro comercial. Perante esta informação, as autoridades estão a apelar à colaboração de quem tenha estado na zona para que divulgue o que viu nesse dia, ainda que, à primeira vista, possa não parecer importante.
"O tempo não estava muito agradável nesse dia, por isso estavam poucas pessoas na rua. Qualquer testemunho é importante", adiantou o comissário assistente Mark Rowley, da unidade de contraterrorismo da polícia britânica.
Dadas as "circunstâncias pouco usuais" do incidente, a unidade de contraterrorismo está a liderar a investigação.
De acordo com o jornal The Guardian, fontes junto dos serviços secretos britânicos indicam que o resultado dos exames toxicológicos vai ser chave para o avanço da investigação. No entanto, alertam que outros fatores também podem ter estado envolvidos na situação.
O apelo da polícia surge no mesmo dia em que o gabinete de crise do governo britânico Cobra está reunido de emergência para coordenar uma resposta à situação.
Quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, assegurou que o Reino Unido dará uma resposta "adequada e robusta" se se confirmar o envolvimento da Rússia no ataque ao antigo espião russo.
Quem é Sergei Skripal
Skripal foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão após ter reconhecido ter dado informações secretas russas aos serviços de informações britânicos relacionadas com a identidade de várias dezenas de agentes secretos russos que operavam na Europa, pelo qual recebeu 100 mil dólares.
Nascido em 1951, trabalhou até 1999 para os serviços secretos do exército russo e, depois, até 2003, no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo a agência noticiosa TASS, Skripal terá sido recrutado pelos britânicos em 1995. A 09 de julho de 2010, Skripal foi mesmo condecorado pelo então Presidente russo, Dmitri Medvedev.
Pouco depois, foi detido e, mais tarde, libertado em troca de dez agentes secretos russos expulsos de Washington, entre eles Anna Chapman, uma jovem empresária russa alcunhada como "a nova Mata Hari" e que residia em Nova Iorque.
Mais tarde, Skripal refugiou-se no Reino Unido.