Polícia canadiana avisa dissidente saudita, amigo de Khashoggi, de que está na mira do regime
De acordo com o jornal britânico, Abdulaziz foi aconselhado a tomar medidas de proteção, porque está na mira do regime de Riade.
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Omar Abdulaziz, um dissidente saudita e amigo de Jamal Khashoggi, foi alertado pela policia canadiana de que corre o risco de ser atacado, avança o Guardian. Khashoggi, antigo jornalista do Washington Post e editor de um canal árabe de notícias, foi assassinado em outubro de 2018, no consulado da arábia saudita em Istambul, na Turquia.
De acordo com o jornal britânico, Abdulaziz foi aconselhado a tomar medidas de proteção, porque está na mira do regime de Riade.
Foi com Abdulaziz que Khashoggi trocou dezenas de mensagens antes de ser morto no consulado saudita em Istambul. Os dois estavam exilados há vários anos - um nos Estados Unidos e outro no Canadá - e falavam sem medo da liderança do príncipe Mohamed Bin Salman.
Na altura, o blogger e ativista soube através da Universidade de Toronto que o telefone que usava tinha sido alvo de um software de espionagem. Os investigadores desconfiavam de uma rede ligada ao regime saudita.
Terá sido assim que Riade tinha conhecimento dos movimentos dos dois dissidentes e do que pensavam do homem que governa a Arábia Saudita.
Algum tempo depois do aviso, Khashoggi foi morto e vários elementos da família de Omar Abdulaziz foram detidos. Agora, Abdulaziz que tem 29 anos contou ao jornal britânico que foi pela primeira vez chamado diretamente pela policia federal canadiana para o informar da ameaça atual. Omar Abdulaziz confessa que o primeiro sentimento foi de que estava a fazer algo bem para incomodar tanto o príncipe herdeiro.
O advogado de Absulaziz confirmou o relato, adiantando que já houve outros avisos, mas este foi diferente porque foi formal e transmitido com um claro sentido de urgência e foram-lhe dados conselhos para tomar precauções.
Abdulaziz, que tem meio milhão de seguidores no Twitter, acredita que é assim que a Arábia Saudita tenta calar os dissidentes e garante que vai continuar a desafiar o regime.
Pouco antes da morte de Jamal Khasshogi, os dois dissidentes estavam a tentar mobilizar milhares de voluntários para combaterem as contas que o regime usa no Twitter para lançar campanhas de assédio e manipulação.