Detidos suspeitos da morte de Marielle. Um é polícia e foi homenageado pelo filho de Bolsonaro
Numa operação que investiga outros crimes, as autoridades acreditam ter detido uma figura essencial na morte da vereadora: Ronald Pereira, major da polícia, um dia homenageado pelo filho de Bolsonaro.
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A operação "Os Intocáveis", desencadeada nesta manhã em áreas controladas por milícias do Rio de Janeiro, deteve cinco suspeitos do envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março do ano passado. São integrantes de uma das milícias mais antigas da cidade, a que opera em Muzema e Rio das Pedras, bairros da zona oeste carioca.
Um dos detidos na ação cujo nome já é conhecido é o major da Polícia Militar Ronald Pereira, de 43 anos, oficial que supostamente pertence ao Escritório do Crime, o braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda, e cujos principais clientes, são, segundo informações do jornal O Globo, políticos e empresários de jogo ilegal.
A prisão de Pereira, que já é réu num processo de homicídio de cinco jovens numa discoteca em 2003, é considerada essencial para a resolução do caso da morte da vereadora. "Os presos da operação "Os Intocáveis" serão ouvidos na expectativa de que possam colaborar em outras investigações, não descartamos a participação no crime de Marielle mas não podemos afirma-lo ainda", disse a promotora Simone Sibilio.
O objetivo da ação, paralelo ao do caso em torno de Marielle, era desmantelar uma milícia, grupo paramilitar que oferece segurança à população em troca da cobrança ilegal de serviços, com negócios ilegais e violentos no ramo imobiliário.
Outro detido com identidade divulgada é Manuel Brito Batista, conhecido como Cabelo, contabilista da quadrilha. Ainda não se conhecem os nomes dos outros presos.
A imprensa brasileira destaca ainda que Ronald Pereira chegou a ser homenageado na assembleia legislativa do Rio de Janeiro pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro e envolvido no escândalo de corrupção do momento no Brasil, por movimentações bancárias atípicas.
O recém-eleito senador empregou ainda no seu gabinete a mãe e a mulher de Adriano Nóbrega, considerado pelos investigadores o líder do Escritório do Crime.