O caso, que ficou conhecido no Brasil como "Carne Fraca" provocou uma crise internacional com cerca de 20 países a imporem limitações à importação de carne brasileira.
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A Polícia Federal brasileira deduziu acusação sobre 63 pessoas suspeitas de estarem implicadas no escândalo da carne adulterada que, em março passado, impôs fortes restrições às exportações do país.
Segundo a agência espanhola de notícias EFE, os acusados respondem pelos crimes de tráfico de influências, corrupção, uso de processo proibido ou de substâncias não permitidas, falsidade, associação criminosa e peculato, entre outros, acrescentou a Polícia.
A operação que ficou conhecida no Brasil como "Carne Fraca" começou a 17 de março e atingiu várias empresas do setor, como a JBS, uma das maiores exportadoras de carne do mundo, e a BRF - Brasil Foods, e pôs sob suspeita mais 21 companhias do ramo, que tiveram de suspender temporariamente as licenças de exportação.
O escândalo surgiu depois da descoberta de produtores que subornavam fiscais sanitários para vender carne em mau estado ou adulterada com produtos químicos, "pondo em risco a saúde dos consumidores", visando apenas "aumentar os lucros dos empresários", segundo a acusação.
A Polícia Federal indicou ainda que foi possível descobrir que muitos dos funcionários utilizavam familiares para 'lavar' o dinheiro que recebiam dos empresários envolvidos no escândalo.
A operação provocou uma crise internacional, razão pela qual perto de vinte países impuseram limitações à importação de carne brasileira.
Na maioria dos casos, os embargos limitaram-se às 21 arcas frigoríficas investigadas, embora muitos dos países que proibiram a importação de carne brasileira tenham levantado as restrições. Entre os que impuseram a proibição contam-se alguns dos clientes mais importantes do Brasil, como Hong Kong, China, Chile e Egito.
A 20 de março, a Comissão Europeia garantiu que estava a acompanhar a investigação a fraudes envolvendo carne brasileira e que todas as empresas envolvidas no processo estavam impedidas de exportar para a União Europeia (UE).
A carne brasileira é exportada para mais de 150 países, com mercados principais como Arábia Saudita, China, Hong Kong, Singapura, Japão, Rússia, Holanda e Itália.
Estimativas do Governo brasileiro admitem que o escândalo da carne adulterada poderá custar perdas, no mercado externo, na ordem dos 1.500 milhões de dólares (1.400 milhões de euros), por ano.