Migrantes viviam em tendas improvisadas.
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A polícia francesa anunciou esta quinta-feira o início de uma operação de evacuação de dois campos de migrantes, onde se encontram entre 600 e 1.200 pessoas, no nordeste de Paris. Cerca de 600 agentes policiais começaram, a partir das 06h00 (05h00 em Lisboa), a levar migrantes, que viviam em tendas improvisadas, para autocarros de transporte com destino a centros de acolhimento na região parisiense.
Esta operação, numa escala sem precedentes, surge um dia depois de o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, ter assumido "o compromisso" de evacuar os campos no nordeste de Paris "até o final do ano".
"Esta operação foi decidida como parte da implementação do plano" do Governo, declarou o responsável pela polícia de Paris, Didier Lallement, à imprensa.
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A polícia francesa anunciou no Twitter, por volta das 9h00 (8h00 em Lisboa), que já terminou a retirada de migrantes dos acampamentos. Ao todo foram retiradas 1606 pessoas numa operação que envolveu perto de 600 agentes da autoridade.
Fin de l'opération d'évacuation du #campement de #LaChapelle.
- Préfecture de Police (@prefpolice) 7 de novembro de 2019
Au total, sur les secteurs de #LaChapelle et du président #Wilson
➡️1606 personnes ont été évacuées pic.twitter.com/oTcNXIuPL3
Lallement afirmou que haverá uma presença da polícia diária para impedir a formação de outros campos na área e confirmou que haverá outras remoções no nordeste de Paris "muito em breve". Christophe Castaner explicou que, agora, "cada caso deve ser estudado pessoalmente".
O ministro acrescentou que entre estes migrantes há requerentes de asilo, por isso houve um aumento de locais de acolhimento desde 2015, há outros para as quais o estatuto de refugiado já foi concedido, que receberão uma moradia; e existem aqueles sem documentos que serão expulsos do país.
Segundo a rádio "France Info", a vice-autarca de Paris, Dominique Versini, encarregada pela receção e acompanhamento dos refugiados, disse que cerca de 500 dos mais de mil migrantes que viviam nestes dois campos deixaram o local antes da chegada da polícia.
Après l'évacuation, nettoyage du campement de migrants à Paris #AFP pic.twitter.com/1MA9epNHLn
- Agence France-Presse (@afpfr) 7 de novembro de 2019
A polícia quer evitar que aconteça o que já é habitual: estes acampamentos são muitas vezes desmantelados, mas poucos dias depois começam a surgir, de novo, no mesmo local ou próximo. A TSF conversou com Hermano Sanches Ruivo, vereador da câmara municipal de Paris, que visitou estes acampamentos por várias vezes.
"Temos de imaginar o que há de pior. Nos acampamentos é complicado, há os que já estão há muito tempo e os que acabaram de chegar. Há muitas nacionalidades", começar por explicar.
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As condições são as de "um bairro de lata", sendo composto por tendas e barracas. "Há a convivência entre públicos cujas fragilidades, embora reais, não são as mesmas."
Hermanos Sanches Ruivo explica que a imigração africana se concentra em encontrar trabalho e arranjar melhores condições de vida, enquanto a que vem do Mediterrâneo está a fugir de guerras e conflitos.